quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A vitória da tentação

            A campeã do carnaval em São Paulo em 2013 é a Mocidade Alegre. Isso não me interessa nenhum pouco. Poderia ser qualquer escola que ganhasse o título, meu interesse pelo carnaval é quase nulo. Mas vendo as reportagens na televisão sobre o desfile, um fato me chamou a atenção: o tema apresentado pela escola campeã – A Sedução Me Fez Provar, Me Entregar à Tentação... [1]
            O homem sempre foi fascinado pelo desconhecido e pelo proibido. Se você quiser tornar alguma coisa irresistível, faça com que as pessoas percebam a proibição do fato. Além disso, outro mecanismo de persuasão é o poder. Diga a alguém que se algo proibido for feito a pessoa se tornará poderosa e pronto, estes são os ingredientes da tentação e da queda. Foi assim no Éden, foi assim no deserto com Jesus, foi assim com Judas Iscariotes, é assim conosco todos os dias da nossa vida.

Aceite, sem medo, o convite da Mocidade Alegre... Deixe-se seduzir pela possibilidade de assumir o papel de criador... Prove do fruto proibido e seja você também capaz de dar novos desfechos às verdades, histórias e conceitos que nos foram apresentados desde sempre... Sinta o fascínio de poder reinventar o mundo!
Deixe-se seduzir pela inebriante sensação de mudar os rumos dos fatos... Entregue-se à essa tentação!!!

            Assumir o papel de criador”... O que foi mesmo que o diabo disse a Eva no Jardim do Éden? “Vocês se tornarão como Deus, conhecedores do bem e do mal.”. Que proposta realmente tentadora! Quem não gostaria de controlar o bem e o mal e dispor deles ao seu bel prazer?! Quem não gostaria de exercer o bem para os necessitados e desancar o mal em cima dos desafetos?! A Bíblia afirma que só Deus conhece o bem e o mal, inclusive que Ele assume a responsabilidade da coexistência dessas duas forças, “Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas essas coisas.” (Isaías 45:7). Quem não cederia a tamanho grau de poder na raça humana?! Até o diabo, criado com toda grandeza quis um pouco mais e caiu (Ezequiel 28:15).
            “...mudar os rumos dos fatos...” Ah, que maravilha seria mudar as coisas pelas quais somos responsáveis!!! E, depois disso, dar o fim que desejávamos anteriormente. Tirar dos nossos ombros a nossa própria responsabilidade. Não sermos culpados de nada. Transferirmos as nossas culpas para outra pessoa. Podermos ter a capacidade de fazer o que quisermos e não pagar pelos erros das nossas escolhas. O velho ditado diz que “errar é humano, divino é perdoar”. No fundo, não queremos a possibilidade do perdão, o homem quer mesmo é errar e não ser responsabilizado.

Desde sempre aprendemos que, ao ceder à tentação do pecado, conheceremos as trevas... Mas hoje a Mocidade Alegre refaz o final e mostra que, pecando, alcançaremos a redenção,
Na vaidade, nos tornaremos mais bonitos e atraentes... Graças à luxúria, poderemos compartilhar o prazer... A inveja nos fará despertar para procurarmos nossos talentos... É com a ira que mostraremos nossa força e ganharemos respeito como guerreiros... Não fosse a preguiça, como poderíamos amar o aconchego de nossos lares?... A avareza nos trará economia e riqueza... Bem aventurados os gulosos, pois saberão sentir os sabores do mundo!
Deleite-se... Sinta-se à vontade para sucumbir ao pecado sem culpa e assim, no nosso final, você conquistará os céus!!!

         Esse trecho da sinopse do samba enredo da escola campeã é a síntese do que pensa o homem sem Deus. “...hoje a Mocidade Alegre refaz o final e mostra que, pecando, alcançaremos a redenção”. Isso me lembra um poema de Gregório de Matos, maior poeta do barroco brasileiro, apelidado de Boca do Inferno. Eis um trecho desse poema (A Jesus Cristo Nosso Senhor),


Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

            É nítida a vontade de ele continuar pecando, porque quanto mais ele pecar, mais empenhado estará o Senhor em perdoar. O homem é dado ao pecado, o Senhor é dado em perdoar. O apóstolo Paulo tratou desse abuso da graça de Deus em Romanos 6:1, “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” É assim o tema do samba campeão: mais pecado, mais redenção. A beleza é fruto da vaidade; o prazer é fruto da luxúria; a inveja suscitou os talentos das pessoas; é por causa da ira que mostramos nossa força. O aconchego dos nossos lares é desencadeado pela preguiça; o fato de sermos avarentos (idolatria à luz da Bíblia) é responsável economia e pelas riquezas e a gula é responsável pelos prazeres da vida. Nada há que se sustente à luz da Palavra de Deus.
            A Bíblia não nomina os chamados “pecados capitais” – referência feita pelo samba enredo – que seriam os pecados basilares de todos os outros. De qualquer modo, todo e qualquer pecado é derivado de um só, esse sim mostrado no relato bíblico: a vontade de se tornar independente do Criador. Os criadores do samba inverteram a ordem natural da criação (para usar uma expressão do apóstolo Paulo – Romanos 1:26) e tornaram em benefício aquilo que a Bíblia condena enfaticamente.
            A prática do pecado é mostrada como sem nenhuma consequência nessa frase, “Sinta-se à vontade para sucumbir ao pecado sem culpa e assim, no nosso final, você conquistará os céus!!!” Os céus são dados como prêmio a quem peca desenfreadamente. Quanta distância do que nos apresenta a Palavra de Deus. “Porque o salário do pecado é a morte.” (Romanos 6:23); “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4, 20). O céu não é conquistado na presença do pecado. O sacrifício de Jesus Cristo pela Sua Igreja é “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” Efésios 5:27. Portanto, importa sim o quanto pecamos nesta vida, pois se pecamos damos prova que não somos filhos de Deus, “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Efésios 4:1).

Em algum momento da nossa vã existência, todos nós imaginamos – ao menos por um dia – poder realizar feitos impossíveis – ou serão possíveis?
Seja na ciência, seja na arte, vem a irresistível tentação de refazer as regras da vida e o compasso da existência, dando vazão às loucuras que passam a ser nossa razão... Fascinante é a sensação de poder dar novos horizontes aos limites humanos... E assim será!
No desafio à lógica e às leis naturais, será possível ao homem voar na imensidão, descobrir o elixir da eterna juventude e até mesmo viajar para outra dimensão,
Desafie os limites. Ouse reinventar a criação. Brinque de Criador!

            Novamente surge a ideia de fazermos o que está além do nosso alcance – “poder realizar feitos impossíveis”. Isso me lembra uma declaração muito interessante de Jesus Cristo. Ele está explicando sobre a salvação do homem e os discípulos chegam a uma pergunta importantíssima, “...Quem poderá, pois, salvar-se?” (Mateus 19:25). Depois de ouvirem da dificuldade do homem se salvar, os discípulos se voltam para Jesus incapazes de entender a conclusão óbvia da explicação do Mestre – o homem não é capaz de se salvar. E Jesus responde, “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.” (Mateus 19:26). Imagine se o homem pudesse chegar diante de Deus e apresentar as razões de sua salvação – dedicação, esforço pessoal, cumprimento das leis de Deus, atos de bondade e benevolência. Para que então Jesus teria morrido? Se qualquer um pudesse se salvar, para que serviria o sofrimento de Jesus Cristo? Infelizmente, para alguns pastores, o universalismo não encontra respaldo bíblico.
            Essa é a proposta do diabo desde o princípio – “Brinque de Criador!” É uma brincadeira mesmo. O que o diabo faz é brincar com o ser humano, pois cria um mundo de fantasias que não podem ser reais. O ser humano nunca poderá ser o criador do seu futuro, no mesmo sentido que Deus é. Logicamente que as escolhas que eu faço criam certas condições para minha existência. Mas eu não crio minha redenção; eu não crio minha salvação. O samba enredo conclama as pessoas a darem “vazão às loucuras que passam a ser nossa razão.” E não é isso que as pessoas querem? Que as loucuras se tornem aceitáveis! Mas de novo, esse samba enredo se choca com a Palavra de Deus. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. (1 Coríntios 1:27). Existe uma “loucura” nas coisas de Deus que não nos cabe tentar entender, uma vez que não temos a capacidade para entendê-las. Mas é preferível a “loucura” de Deus à nossa razão corrompida pelo pecado.

Dos tantos devaneios possíveis pelo direito de refazer os finais, talvez o mais enigmático e encantador seja a chance de avançar no tempo e conhecer o amanhã...
Se você algum dia sonhou com um mundo de paz, amor, prosperidade e união, a Mocidade Alegre – pela força da magia do próprio carnaval – reescreverá o futuro, pois um sambista jamais perde a esperança, e tem na união sua força maior. O amanhã será melhor, porque somos nós sambistas – portadores de tantos sonhos e ilusões – que o estamos construindo, com a força dos nossos pavilhões... Juntos, unidos, reunidos.
Não podemos mudar e melhorar o nosso futuro se continuarmos acreditando, todo dia, nas mesmas coisas. Portanto, liberte-se... Reinvente-se... Se entregue você também à tentação de refazer o final... Aceite o convite da Mocidade Alegre a recriar o seu destino...
...E o “Final Feliz”, só depende de você!!!

            Esse samba mostra um erro moderno que os cristãos estão começando a cometê-lo; acreditar em coisas novas, desqualificando as antigas. A Palavra de Deus é uma pessoa, o Senhor Jesus Cristo. E “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente.” (Hebreus 13:8). Portanto a Palavra de Deus não muda, o que Jesus Cristo ensinou no passado continua válido hoje. Isso não significa que Deus não possa nos revelar coisas que nos estavam – e estão – ocultas. Contudo, Ele nunca fará isso fora da Sua palavra. É pela Palavra de Deus que sabemos o que Ele requer de cada um de nós.
            Outra ideia do samba enredo – que reforça a ideia de independência – é que o “final feliz” só depende de nós. Mais uma vez a soberba volta a ser o tema da sinopse apresentada pela própria escola de samba. Não depende só de nós a nossa vida. Minha vida depende também da minha esposa, minha família, meus irmãos em Cristo, meus amigos, meu trabalho, da minha relação comigo mesmo. Minha vida depende de aspectos biológicos do meu corpo, das minhas emoções. Se quisermos depender apenas de nós mesmos, temos de nos lembrar que “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). E o mesmo profeta nos adverte sobre em quem colocamos a nossa confiança, “Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5).
            Mas alguém poderá dizer que o carnaval é uma expressão da cultura popular e que a Bíblia não tem nada a ver com a cultura de um povo; que a cultura pode mudar de um povo para outro e que, necessariamente, a cultura não interfere na vida espiritual das pessoas. Será mesmo que os povos que cultuam os elementos da natureza não estão errados? Será que as culturas africanas não têm nada de errado quando colocam elementos da natureza como deuses? Será que as culturas orientais não são contrárias à Palavra de Deus? A propósito, as palavras cultura e cultuar têm a mesma raiz.


[1] Todas as informações foram retiradas do website da própria escola: http://mocidadealegre.com.br/index.php?id=1052.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Cachê Evangélico

De vez em quando o mundo evangélico é assolado por notícias que deixam todos de cabelos em pé. Escândalos sexuais e escândalos financeiros são o prato cheio para as discussões. Não há como negar que existe uma histeria - mórbida, eu sei - generalizada quando esses assuntos vem à tona.

Ontem, o Pavablog republicou uma lista de artistas cristãos e os cachês que eles cobram para se apresentarem (veja aqui). A fonte da publicação é outro blog O Fuxico Gospel. Esse tipo de lista e de reportagem sempre causa euforia nas pessoas. Quando o assunto é dinheiro, todo mundo fica interessado. A notícia repercutiu tão mau nas redes sociais que O Fuxico Gospel removeu a lista do site. Mas o estrago já estava feito.

Como se não bastasse, eles publicaram uma lista do cachê que alguns pregadores cobram para pregações, congressos e palestras (veja aqui a lista). Outra lista que vai dar o que falar. É só esperar.

Qual é a lição que eu tiro disso tudo? Essa maneira de agir é muito parecida com a maneira como as coisas são feitas fora da igreja. Quando se contrata qualquer artista, é comum uma série de solicitações por parte deles: toalhas, comidas, bebidas, decoração, etc e etc. Os artistas têm suas exigências para se sentirem o mais à vontade possível antes dos shows. Como o autor de Eclesiastes concluiu isso? "Tudo é vaidade". E vaidade não combina com louvor a Deus; não combina com culto; não combina com adoração.

O erro fundamental é a Igreja seguir o mesmo padrão do mundo. O erro fatal é os cristãos copiarem o jeito do mundo. O apóstolo Paulo já pedia aos cristãos de Roma, "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos...". Quando a Igreja copia a forma do mundo agir só pode dar confusão. As coisas precisam ser claramente distinguidas: a Igreja não pode imitar o mundo em nada! O padrão do mundo não condiz com o que a Igreja é e  não condiz com o que a Igreja faz. Ninguém precisa receber salário para louvar a Deus em uma apresentação.

O problema é a falta de coragem de se chamar de show tudo aquilo que é, de fato, um show. Não há nenhum problema em comprar um ingresso para assistir ao show do Roupa Nova, ou Guilherme Arantes, ou do Lenine no Credicard Hall, no Citibank Hall, seja lá onde for. O problema está em a pessoa ser paga para cantar na Igreja Evangélica NONONONONONO. Porque a igreja local não é local para show, é local para louvor comunitário. Qualquer cantor ou banda pode fazer um show, mas igreja não é lugar de show. Na igreja quem brilha é Jesus; a pessoa mais importante do culto é Jesus e não quem vai se apresentar.

E se é um culto, ninguém precisa ser remunerado para cultuar a Deus. O show pode até ser para a glória de Deus, do mesmo jeito que um advogado cristão, ou mecânico cristão, ou professor cristão, ou uma dona de casa cristã realizam seus trabalhos para a glória de Deus (Filipenses 4:7-9; 1 Coríntios 10:31). Mas um show gospel não é um elemento de culto; o show é dispensável para se cultuar a Deus. A Bíblia é um elemento de culto, assim como a oração, o louvor congregacional. O que não pertence ao culto não tem de estar presente quando cultumaos a Deus.

Concluindo:

a. Quando a Igreja Cristã copia o padrão do mundo se torna um com ele, não estabelecendo as diferenças que existem entre os cristãos e os incrédulos.

b. Um artista cristão pode cobrar o cachê que quiser que acha que merece, como qualquer outro artista. Contudo, como cristão, ele deve ter um comportamento diferente daquele que os artistas que não conhecem a Cristo têm.

c. Deus não aceita louvor por obrigação. Se alguém é remunerado para louvar a Deus está pecando contra Ele. O pregador e o cantor devem estar dispostos a exercerem seus dons ainda que não sejam pagos. Facultar a apresentação de um cantor ao recebimento de dinheiro e chamar isso de culto, de ministração, de culto de louvor, de culto de adoração, é errado. É show.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Carta a Jô Soares




Jô, você é um homem inteligente, pode conhecer trechos da Bíblia, mas não sabe interpretá-la. É provável que você nunca tenha estudado Hermenêutica e Exegese Bíblicas, daí os erros que você cometeu. Quando você diz que o que Deus criou é bom, você está certo. Mas erra logo em seguida quando aplica isso ao homossexualismo. Deus criou o ser humano para uma relação heterossexual (basta ler o Gênesis) e isso foi o que Deus considerou bom. A criação do homem teve uma razão especial: o ser humano foi criado para glorificar a Deus, com sua vida e com suas ações. Entre essas ações está a união de um homem com uma mulher. Deus poderia ter criado dois homens ou duas mulheres? Talvez sim, mas não o fez. Deus considerou boa a Sua criação, antes da entrada do pecado nela.
A entrada do pecado foi tão devastadora na Sua criação que Ele resolveu acabar com o homem por causa da corrupção que se instaurou. Noé foi o pregador dessa destruição imposta por Deus. Ao pregar que Deus estava contra a humanidade, ele foi considerado louco justamente porque o pecado distorce a visão do que Deus estabeleceu. Depois que Adão pecou, ele passou a sentir medo de Deus e querer esconder-se dEle. Isso não acontecia antes do pecado. Portanto, o que seria o comportamento natural, estar escondido ou diante de Deus? A bondade da criação de Deus é a presença do Seu caráter nela. Uma vez que o pecado tenha manchado essa semelhança, ela deixou de existir.
Outro erro que você comete é que depois que o ser humano pecou, ele morreu espiritualmente e deixou de ser semelhante com o Criador. Ao perder parte da sua semelhança, o ser humano deixou de ser bom do ponto de vista de Deus. A bondade de Deus é absoluta no sentido de, em Deus, não haver mancha ou erro. Quando Deus criou o ser humano, ele gozava de atributos divinos comunicados ao homem. Logicamente, o homem não é eterno como Deus, mas era perfeito e sem pecado. Ao exercer sua liberdade de escolha, o homem se deixou dominar por uma inclinação que o afasta de Deus, uma inclinação que é inimiga de Deus.
Por causa disso, sua inclinação agora é naturalmente contrária a Deus e, portanto, pecaminosa. Outro fato que você não admite ser possível: o ser humano pecar por natureza. A Bíblia deixa claro que a natureza humana é pecaminosa e não apenas suas ações. Como você mesmo citou o exemplo de uma criança de 6 anos de idade, vamos tomar uma criança mais nova ainda, por volta de uns 3 anos de idade. Quem ensinou essa criança a mentir, ou a tentar enganar os pais? Onde fica a pureza dessa criança que você citou no seu exemplo?
Você acertou mais uma vez quando disse que o perdão de Deus é imediato. E é imediato porque Jesus Cristo conquistou esse perdão sendo perfeito e morrendo no nosso lugar. Mas logo depois você errou de novo por não conhecer a Bíblia. O Novo Testamento é claro em afirmar que a glutonaria é pecado. Aceitemos ou não, a maior parte da população é pecadora em relação a este pecado. Comer demais, além das necessidades físicas é um comportamento reprovado diante de Deus.
Estimado Jô Soares, não nos enganemos, se tivermos pecado nas nossas vidas, temos um substituto que pagou o preço da nossa dívida contra Deus. Acheguemo-nos a ele, Jesus Cristo.
Deus te abençoe, Marcos D. Muhlpointner.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Jesus não morreu por todos - Parte 7



Três argumentos baseados na natureza da santidade e da fé
1.    A morte de Jesus é a causa da nossa santidade e da purificação dos nossos pecados. É óbvio que existem pessoas que não são santificadas – inclusive frequentando uma igreja local – se essas pessoas não são santificadas não é possível dizer que Jesus tenha morrido por elas.
O Velho Testamento é pródigo em mostrar que os sacrifícios realizados tipificavam e apontavam para o sacrifício definitivo de Jesus Cristo. Mesmo aquele sangue de animais já purificava aqueles homens diante de Deus, quanto mais o sangue de Cristo pode purificar aqueles pelos quais Ele mesmo morreu (Hebreus 9:13-14).
Além disso, encontramos outros versículos que mostram que os objetivos da morte de Jesus Cristo quanto à nossa santificação foram alcançados: “o corpo do pecado é destruído, para que não mais sirvamos ao pecado (Romanos 6:6); temos redenção através do Seu sangue (Colossenses 1: 14); Ele Se deu a Si mesmo para nos remir e nos purificar (Tito 2: 14)” (p. 45).

2.    A fé parece fazer parte da constituição humana. Temos fé – no sentido mais amplo da palavra – que os alimentos que comemos nos nutrem; temos fé que podemos sair de casa e que retornaremos, etc e etc. Contudo, a fé que opera para a salvação, fé que chamamos de salvífica, é um dom da graça de Deus dada àqueles que são salvos (Efésios 2:8-9). Esta fé salvífica não vem de nós, é Deus quem a dá. Ora, se pessoas morrem sem salvação, conclui-se que elas nunca receberam essa fé salvífica.

3.    Neste argumento, Owen compara a Igreja de Cristo com o povo de Israel. Em suas palavras, “A maneira como Deus tratou o Seu povo escolhido no Velho Testamento é uma ilustração de que a salvação obtida por Cristo não é para todos os homens, mas é apenas para o Seu povo escolhido” (p. 47). Ora, o que isso significa? Que tudo que encontramos na relação de Deus com o povo de Israel no Velho Testamento pode – e deve, em muitos casos – ser aplicado à Igreja do Novo Testamento. De todos os povos da Terra, apenas os judeus foram agraciados com essa relação especial de Deus. Da mesma forma a Igreja. A salvação é dada e garantida apenas para aqueles que fazem parte da Igreja de Jesus Cristo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Jesus não morreu por todos - Parte 6



Dois argumentos baseados na natureza da obra de Cristo
1.    A Bíblia deixa muito claro que Jesus Se sacrificou em favor de outras pessoas e não em Sua própria causa. Em Romanos 5:8, Gálatas 3:13 e 2 Coríntios 5:21, por exemplo, encontramos a expressão “por nós”. Quem são esses “nós”? Ora as epístolas foram escritas à Igreja do Senhor Jesus Cristo. Elas nunca foram cartas sem destinatários. Pelo contrário. As cartas paulinas e dos outros autores foram escritas para nós, os que fazemos parte da Igreja de Cristo.
            Então, vejamos. Se Cristo morreu por todas as pessoas e algumas delas não são salvas, Cristo morreu sem necessidade, uma vez que essas próprias pessoas estão sendo punidas por seus pecados. Jesus não precisava ter sido punido, substituindo-as. Se Jesus morreu realmente como o substituto de todos os homens e muitos deles perecem sem salvação, segue-se que o sacrifício de Jesus não é tão eficiente assim.

2.    “As Escrituras descrevem a natureza da obra que Cristo realizou, como a obra de um mediador e de um sacerdote: Ele "é Mediador dum novo Testamento" (Hebreus 9:15). Ele age como um mediador sendo o sacerdote daqueles que Ele leva a Deus. Que Jesus Cristo não é o sacerdote de todos é óbvio, tanto pela experiência como pelas Escrituras...” (p. 44).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Jesus não morreu por todos - Parte 5

Depois de bastante tempo estou aqui de novo, dando continuidade ao tema da morte expiatória de Jesus.

Três argumentos baseados nas descrições bíblicas da salvação
1. As Escrituras ensinam que nossa redenção é uma "redenção eterna". Se esta redenção é para todas as pessoas, então, automaticamente, todos os homens estão salvos, ou ela está disponível na dependência do cumprimento de certas obrigações. Sabemos, por experiência e pelo testemunho das Escrituras, que não são todos os homens que estão salvos. Contudo, se temos que cumprir certas condições para sermos salvos, significa que Jesus Cristo não foi suficientemente capaz de cumpri-las todas! Se for assim, em parte nossa salvação depende de nós, o que nos tornaria merecedores dela. Mas não é isso que ensina a Bíblia: "Pela graça sois salvos, por meio da fé e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem de vós para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8-9).

2. A Bíblia mostra cuidadosamente aqueles pelos quais Jesus Cristo morreu: Seu povo (Mateus 1:21); Suas ovelhas (João 10:11, 14); Sua Igreja (Atos 20:28); Seus eleitos (Romanos 8:32-34); Seus filhos (Hebreus 2:13). Ou seja, aquelas pessoas que não são Seu povo, Suas ovelhas, Sua Igreja, Seus eleitos e Seus filhos não são alvo da salvação de Jesus Cristo.

3. "Não devemos descrever a salvação de nenhuma maneira diferente daquela que a Bíblia a descreve. E a Bíblia não diz, em lugar algum, que Cristo morreu "por todos os homens", ou por cada homem em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida "em resgate de todos"; entretanto, isso não pode provar que signifique mais que "todas as Suas ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente qualquer versículo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção de nenhum." (Por quem Cristo morreu?, John Owen, pág. 43, 1ª edição, Editora PES).

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vontade vs Necessidade

Tenho vontade de conhecer uma igreja que "persevere na doutrina dos apóstolos" e não tenha problemas doutrinários. Queria ser membro de uma igreja que enxergasse o mundo e usasse suas qualidades (ainda que poucas) para a glória de Deus e que rejeitasse tudo que não presta no mundo (talvez a maioria das coisas). Eu queria uma igreja que, ao mesmo tempo, fosse madura para não ser levada por nenhum vento de doutrina, mas que tivesse a pureza das crianças, as herdeiras do reino dos céus. Queria uma igreja que ensinasse só a Bíblia, sem conceitos humanos distorcidos; que considerasse a Bíblia acima de toda suspeita e a única regra de fé e prática.

Tenho vontade de conhecer uma igreja que olhe para o rico e para o pobree do mesmo jeito; para o negro, para o branco e para o indígena da mesma maneira. Uma igreja que olhe para a prostituta, para o ladrão, para o corrupto do mesmo jeito. Uma igreja que tenha os mesmos olhos para o político, para gari, para os presidiários e para os divorciados. Uma igreja que veja os governantes e os governados como iguais, sem distinções. Uma igreja que seja igual para os pastores e para os membros. Queria uma igreja que olhasse para os gays e lésbicas como pessoas, do mesmo jeito que são os heterossexuais. Todos esses tipos de pessoas são pecadoras diante de Deus, carentes da glória dEle, vivendo em rebelião contra Ele e se inclinando na direção contrária. Queria uma igreja que mostrasse o pecado das pessoas, mas que também mostrasse, em proporção ainda maior, o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

A minha vontade é de pertencer a uma igreja que valorize os artistas e que veja a arte como de fato ela é, uma arte - com beleza, com poesia, com alegria. Mas que perceba que a arte não é um caminho para se chegar a Jesus Cristo. Como músico, queria uma igreja que olhasse o músico do mesmo jeito que olha o advogado, o médico, o engenheiro, a cabeleireira, a manicure, os psicólogos e os empresários. A minha vontade é de pertencer a uma igreja que "não se conforme com o mundo", mas que o renove, que o a ressignifique. Na verdade, o meu desejo é de uma igreja que seja atual, porém que não se desvie da "sã doutrina".

O meu desejo é que a minha igreja local seja composta de gente de verdade. Gente que tem problemas, culpas, medos e pecados dos mais diversos e que tudo isso não seja escondido para debaixo do tapete. Mas também que não os coloque às vistas de todos. Queria uma igreja que lidasse com meus problemas como se fosse de todos, e que em todos houvesse uma verdadeiro desejo de me ajudar, de andar ao meu lado, que procurasse meu bem-estar. Uma igreja que me discipline quando eu precisar ser disciplinado e que me discipule, quando eu precisar ser discipulado. Quero uma igreja que não olhe pra mim como um número, contudo que me carregue no colo quando eu precisar, mas que me coloque no chão e me ensine a carregar outras pessoas.

No fundo, no fundo mesmo.... acho que eu estou necessitando de ir para o céu.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Jesus não morreu por todos - parte 4

Falar que Jesus não morreu por todas as pessoas não é muito popular. Muitos pregadores ao longo da história da Igreja sofreram por pregar isso. A ideia geral é que, se Jesus Cristo não morreu por todos, Deus não seria justo, ou que Ele não amaria a todos. Quando é dito que Jesus não morreu por todos, a impressão que as pessoas têm é que o amor de Deus seria diminuído, ou fraco. Pensar que Jesus morreu por todas as pessoas, de todas as eras parece fazer o amor de Deus grande o suficiente.

Eu pensava desse jeito. Mas a partir de março de 1987 comecei a refletir sobre a salvação de Deus e cheguei à conclusão que pensar numa expiação particular não diminuía o amor de Deus. Preciso dizer que não foi sem conflito essa transição: de pensar de um modo universalista para uma redenção particular. Na verdade esse é mais um exemplo de um arminiano que se transforma em calvinista. Muitos já passaram por isso: conflitos internos, perguntas, dúvidas e negações. Mas sempre mantive uma postura de tentar entender o que a Bíblia ensina e uma máxima que aprendi ainda jovem: tudo deve glorificar a Deus - se alguma interpretação possibilitar a menor probabilidade de mérito humano diante da salvação, ela deve ser rejeitada. "Pela graça sois salvos e isso não vem de vós, é dom de Deus" (Efésios 2:8).

E em dezembro de 1987 conheci o livro Por quem Cristo morreu?, de John Owen. Na verdade esse livro é uma simplificação de um livro maior de Owen chamado A morte da morte na morte de Cristo. Para muitos, o próprio título do livro é um absurdo, pois entendem que esse tipo de pergunta é descabido. Ora, se "Deus amou o mundo de tal maneira" é certo que Seu Filho Jesus morreu para salvar o mundo, visto ser Ele o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O raciocínio parece bastante lógico, mas o inferno está aí para provar que se tem gente sofrendo lá, é porque não foram alcançados pela obra de Jesus Cristo. Uma coisa tem que ficar muito clara na nossa mente e coração: Jesus Cristo, Seu sangue e sacrifício têm todo o poder e , portanto, é inadmissível que Ele falhe no propósito para o qual Ele foi designado. E Jesus Cristo cumpriu esse propósito à risca, pois Ele é um com o Pai, portanto Ele não falhou em salvar aqueles pelos quais Ele mesmo morreu (João 6:39).

Na terceira parte de seu livro, Owen apresenta vários argumentos contrários à ideia de Jesus ter morrido por todos os homens. John Owen foi um dos pregadores mais influentes de seu tempo. Sua obra é vasta e ele é um excelente expositor da doutrina bíblica. Ele divide seus argumentos em vários itens. Acho interessante apresentá-los aos poucos.

1. Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto.
a. Pelo velho acordo, Deus salvaria as pessoas que guardassem Suas leis (Romanos 10:5). Mas por causa do pecados dos homens, ninguém foi capaz de guardar os mandamentos do Senhor. "Portanto, o velho acordo ficou sem efeito" (p. 39). Na nova aliança, a promessa é que as leis de Deus serão colocadas por Deus nas nossas mentes e no nosso coração (Hebreus 8:10). Daí, decorre duas coisas: Deus não vai falhar em cumprir essa promessa e Ele não tem feito isso para todas as pessoas. Obviamente, Ele não vai escrever as leis para as pessoas que crerem, visto que a fé para crer faz parte da lei escrita em nossos corações.

b. O evangelho tem estado no mundo desde a encarnação de Jesus Cristo e nem todas as nações ouvem a pregação do Evangelho. E esse ponto é muito importante e delicado. Em Atos 14:16 e 16:6-7, os missionários foram impedidos pelo Senhor de pregar nas cidades para as quais eles se propuseram. É difícil imaginar que Deus tenha impedido algupem de pregar o Evangelho, mas foi isso que aconteceu. Do mesmo jeito que Jesus foi a Tiro e Sidom e não operou nenhum milagre lá, mesmo sabendo que as pessoas se converteriam depois dos milagres. O fato é que milhões de pessoas têm morrido sem ouvir as boas novas de salvação. Por negligência da igreja e porque muitos "foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra" (Atos 16:6).

Leia e medite. Não é um tema fácil, mas é a verdade.

Um abraço e até os próximos argumentos. 

Três afirmações de que Deus e evolução não podem estar juntos

                 Foi com vontade de conhecer como o mundo físico funciona e como Deus criou todas as coisas, especialmente os animais, é que...