sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Jesus não morreu por todos - parte 4

Falar que Jesus não morreu por todas as pessoas não é muito popular. Muitos pregadores ao longo da história da Igreja sofreram por pregar isso. A ideia geral é que, se Jesus Cristo não morreu por todos, Deus não seria justo, ou que Ele não amaria a todos. Quando é dito que Jesus não morreu por todos, a impressão que as pessoas têm é que o amor de Deus seria diminuído, ou fraco. Pensar que Jesus morreu por todas as pessoas, de todas as eras parece fazer o amor de Deus grande o suficiente.

Eu pensava desse jeito. Mas a partir de março de 1987 comecei a refletir sobre a salvação de Deus e cheguei à conclusão que pensar numa expiação particular não diminuía o amor de Deus. Preciso dizer que não foi sem conflito essa transição: de pensar de um modo universalista para uma redenção particular. Na verdade esse é mais um exemplo de um arminiano que se transforma em calvinista. Muitos já passaram por isso: conflitos internos, perguntas, dúvidas e negações. Mas sempre mantive uma postura de tentar entender o que a Bíblia ensina e uma máxima que aprendi ainda jovem: tudo deve glorificar a Deus - se alguma interpretação possibilitar a menor probabilidade de mérito humano diante da salvação, ela deve ser rejeitada. "Pela graça sois salvos e isso não vem de vós, é dom de Deus" (Efésios 2:8).

E em dezembro de 1987 conheci o livro Por quem Cristo morreu?, de John Owen. Na verdade esse livro é uma simplificação de um livro maior de Owen chamado A morte da morte na morte de Cristo. Para muitos, o próprio título do livro é um absurdo, pois entendem que esse tipo de pergunta é descabido. Ora, se "Deus amou o mundo de tal maneira" é certo que Seu Filho Jesus morreu para salvar o mundo, visto ser Ele o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O raciocínio parece bastante lógico, mas o inferno está aí para provar que se tem gente sofrendo lá, é porque não foram alcançados pela obra de Jesus Cristo. Uma coisa tem que ficar muito clara na nossa mente e coração: Jesus Cristo, Seu sangue e sacrifício têm todo o poder e , portanto, é inadmissível que Ele falhe no propósito para o qual Ele foi designado. E Jesus Cristo cumpriu esse propósito à risca, pois Ele é um com o Pai, portanto Ele não falhou em salvar aqueles pelos quais Ele mesmo morreu (João 6:39).

Na terceira parte de seu livro, Owen apresenta vários argumentos contrários à ideia de Jesus ter morrido por todos os homens. John Owen foi um dos pregadores mais influentes de seu tempo. Sua obra é vasta e ele é um excelente expositor da doutrina bíblica. Ele divide seus argumentos em vários itens. Acho interessante apresentá-los aos poucos.

1. Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto.
a. Pelo velho acordo, Deus salvaria as pessoas que guardassem Suas leis (Romanos 10:5). Mas por causa do pecados dos homens, ninguém foi capaz de guardar os mandamentos do Senhor. "Portanto, o velho acordo ficou sem efeito" (p. 39). Na nova aliança, a promessa é que as leis de Deus serão colocadas por Deus nas nossas mentes e no nosso coração (Hebreus 8:10). Daí, decorre duas coisas: Deus não vai falhar em cumprir essa promessa e Ele não tem feito isso para todas as pessoas. Obviamente, Ele não vai escrever as leis para as pessoas que crerem, visto que a fé para crer faz parte da lei escrita em nossos corações.

b. O evangelho tem estado no mundo desde a encarnação de Jesus Cristo e nem todas as nações ouvem a pregação do Evangelho. E esse ponto é muito importante e delicado. Em Atos 14:16 e 16:6-7, os missionários foram impedidos pelo Senhor de pregar nas cidades para as quais eles se propuseram. É difícil imaginar que Deus tenha impedido algupem de pregar o Evangelho, mas foi isso que aconteceu. Do mesmo jeito que Jesus foi a Tiro e Sidom e não operou nenhum milagre lá, mesmo sabendo que as pessoas se converteriam depois dos milagres. O fato é que milhões de pessoas têm morrido sem ouvir as boas novas de salvação. Por negligência da igreja e porque muitos "foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra" (Atos 16:6).

Leia e medite. Não é um tema fácil, mas é a verdade.

Um abraço e até os próximos argumentos. 

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