O que torna uma pessoa bela? O que pode ser
descrito como beleza no caráter de uma pessoa? Para Pink, a santidade de Deus é
a beleza de todos os Seus atributos. Ele cita um puritano inglês, Stephen
Charnock: “O poder é a mão ou o braço de Deus, a onisciência os Seus olhos, a
misericórdia as Suas entranhas, a eternidade a Sua duração, mas a santidade é a
Sua beleza.” Assim como o poder e a sabedoria de Deus são opostos à fraqueza e
a loucura dos homens, a Sua santidade é o avesso de todo o declínio moral da
raça humana. Deus é tão santo e “tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a
opressão não podes contemplar...” (Habacuque 1:13).
A
Sua santidade é tão grandiosa que os serafins tiveram que cantar por três vezes
essa beleza, “...Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos...” (Isaías 6:3).
Inúmeras vezes os salmistas cantaram a santidade de Deus: “...celebrai a
memória da sua santidade” (Salmo 30:4); “...a beleza da santidade...” (Salmo
110:3); “adorai o SENHOR na beleza da sua santidade” (Salmo 29:2); “...Deus se
assenta sobre o trono da sua santidade.” (Salmo 47:8). Só Deus é santo a ponto
de se indignar contra toda a perversidade da humanidade. A santidade de Deus é
a coroa das Suas excelências, é a somatória de todos os Seus atributos. De nada
adiantaria se Deus tivesse todo o poder e fosse manchado pelo pecado, Ele seria
um ditador. Ainda que Ele tivesse todo o amor, mas não fosse santo, esse amor
seria mesquinho, egoísta e um amor inglório.
E
a santidade de Deus é percebida em várias ações que Deus toma e em várias das
Suas obras. E Pink passa a mostrar algumas faces onde a santidade de Deus se
manifesta.
“Justo
é o SENHOR em todos os seus caminhos e santo em todas as suas obras.”
(Salmo 145:17). A santidade de Deus se manifesta nas suas obras. Tudo o que Deus fez, o fez perfeito. Depois de cada
dia da criação a avaliação dEle “era muito bom” (Gênesis 1:31). Nada do que foi
criado foi feito de modo imperfeito ou impuro. Deus impingiu Sua “impressão
digital” nas Suas obras.
A
Palavra de Deus é santa, Suas leis
são santas. Deus é tão grandioso em Seu caráter e nas Suas determinações que a
própria Palavra expressa isso no singular, “...a lei é santa...” (Romanos
7:12). Deus não tem várias palavras que se contradizem a todo instante. Como
Sua lei não é manchada pelo pecado, seu caráter santo é expresso por um
“mandamento (que é) santo, justo e bom”.
A
santidade de Deus é manifestada na cruz.
A necessidade da morte de Jesus Cristo é um dos grandes temas da santidade de
Deus. Ele odeia o pecado com um poder tão grande, que o castigou em Seu próprio
Filho. Essa é a manifestação mais extraordinária do quanto Deus é santo e do
quanto Ele odeia o pecado. Ainda que todos os demônios se reunissem em uníssono
num sofrimento eterno, eles não sofreriam o ódio de Deus como Jesus sofreu.
Imagine a humanidade na sua pecaminosidade nos dias de Noé; pense no desprezo
que Deus deve ter sentido quando Seu templo era profanado pelos povos pagãos;
lembre-se da afronta que o Seu povo amado Lhe fez no deserto reclamando do maná
que caía do céu, ou das saudades que eles sentiam do Egito. Mesmo que
juntássemos todos os eventos pecaminosos bíblicos que suscitaram a ira de Deus,
ainda assim, tudo isso não chegaria aos pés do que Ele sentiu na cruz.
A
cruz é a afronta máxima contra a santidade de Deus. Uma vez Ele declarou “toda
a alma que pecar, essa morrerá” e, ainda que Jesus Cristo, Seu único Filho, não
tivesse cometido pecado algum, ele estava carregando o pecado da humanidade nas
suas costas. Ele foi constituído como o nosso representante legal para pagar um
preço alto demais, a morte. E porque Deus é santo e intolerante para com o
pecado, a Sua santidade foi vindicada na cruz do Calvário. Spurgeon em seu
sermão O Precioso Sangue de Cristo
afirma que quando Deus enviou Seu Filho para morrer, era Deus dando Deus mesmo
para a humanidade. Que preço poderia ser mais alto para enaltecer a santidade
de Deus?!
A
distância dos homens em relação a Deus é tão grande que jamais um homem criaria
um Deus com a santidade expressa na Sua palavra. O máximo que a humanidade
criou foram deuses parecidos consigo mesmos. Mas um Deus que “se ira todos os
dias” (Salmo 7:11), um Deus que “odeia todos os que praticam a iniquidade”
(Salmo 5:5) não é invenção humana, do mesmo jeito que um lago de fogo e enxofre
também não o é. A Palavra de Deus e a cruz expressam um Deus que não pode ser
compreendido na Sua integralidade pela mente humana. Muitos são os que acusam a
Bíblia de ser invenção humana. Por séculos os homens a tentaram destruir e descaracterizá-la
como sendo a fiel Palavra de Deus e nada pode destruí-la, porque o
“...mandamento do Senhor é puro...” (Salmo 19:8).