quarta-feira, 12 de abril de 2017

Pensando sobre a relação da ciência com a fé



            Como você reagiria diante de um remédio – novo, recém elaborado por um laboratório muito grande e conceituado – que curaria as constantes dores de cabeça que você sente há anos? Todos os estudos, com animais e humanos, indicam que o remédio é realmente eficaz, mas ele está começando a ser comercializado agora.

            Suponha que na sua igreja local há um cientista, um biólogo que estuda o comportamento dos animais. A especialidade dele é o comportamento reprodutivo de mamíferos. Especificamente ele estuda os primatas. E, fortuitamente, conversando depois do culto de domingo, ele te diz que o comportamento de corte, de conquista entre os bonobos, chimpanzés, gorilas e humanos é praticamente o mesmo. O macho que quer “conquistar” a fêmea se exibe para ela, grita mostrando a força de seus pulmões, mostra força trazendo comida para ela diariamente. Esse macho é capaz de isolar uma área privilegiada para a fêmea se abrigar do calor ou do frio da noite.

            Guardadas as devidas diferenças, você lembra que teve um comportamento parecido quando começou a namorar sua esposa: você usou o melhor perfume que tinha, abria e fechava a porta do carro para ela, foram a bons restaurantes, viram bons filmes. Você sempre procurou estar com a barba feita (ou sem barba), falava de modo tranquilo, o cabelo sempre arrumado. E isso tudo foi lembrado durante aquela conversa de alguns minutos. No final da conversa, seu amigo biólogo lhe diz que essas semelhanças são por causa da origem comum que os humanos e os macacos tiveram ao longo da história.

            Para arrematar a conversa, seu irmão, biólogo, diz que evolutivamente era de se esperar um comportamento parecido entre os humanos e seus semelhantes mais próximos. Da sua parte, nessa conversa hipotética, você diz que o comportamento é semelhante porque o Criador os fez semelhantes. Qual de vocês está certo? Essas duas maneiras de explicar o comportamento parecido entre primatas e humanos são incompatíveis? Elas estão em conflito?

sábado, 8 de abril de 2017

Carta aberta para o pastor pentecostal mais famoso do Brasil



            Sr Malafaia, antes do senhor ter a sua empresa, Central Gospel, o senhor não falava de dinheiro como fala hoje. Se o senhor não quer reconhecer a mudança no discurso, fique à vontade. Sua cegueira para essa realidade não muda os fatos e os vídeos de antes e depois. Embora não concordasse com tudo que o senhor pregava, ainda tinha um certo gosto em ouvi-lo. Hoje em dia só o faço quando me sinto – ou sou – obrigado a fazê-lo.

            O senhor tem pedido nos últimos dias, já pela segunda vez, que alguém se coloque e aponte os erros na sua pregação sobre prosperidade financeira. Ora, se Jesus Cristo, a quem o senhor chama de Mestre, não demonstrou nenhuma prosperidade financeira, que é o senhor ou eu, para almejar esse tipo de prosperidade nessa vida! Não é uma questão de ser miserável. Miseráveis nós dois somos desde que nascemos – acho que não preciso lhe explicar o significado da palavra misericórdia! Portanto, não vou perder meu tempo com esse assunto.

            A Reforma Protestante lançou cinco pilares que deveriam servir de base para a teologia de qualquer cristão que se diz fruto daquele movimento. Movimento esse que teve impactos em todas as dimensões da vida humana, não apenas na religiosa. Foi aquele ato de Martinho Lutero, e o que se sucedeu depois dele, que diferenciou a verdadeira cristandade daquilo que era falso e mentiroso, ainda que estivesse sendo aceito por todos. Assim, se o senhor se diz herdeiro da Reforma Protestante, deveria esposas aqueles pilares. Mas a minha firme convicção é que o senhor está para os pilares da Reforma Protestante, do mesmo jeito que a água está para o óleo.

            Os pilares da Reforma Protestante são Somente a Fé, Somente a Graça, Somente Cristo, Somente a Escritura e Somente Glória a Deus. Tudo o que Martinho Lutero e João Calvino ensinaram (apenas para ficar nos dois mais conhecidos de todos – espero que como estudioso o senhor conheça outros nomes) estava pautado nesses pilares. De maneira que aqueles que se afastam deles, não têm o direito de se dizerem herdeiros da Reforma. Do mesmo jeito que o senhor acha que o Pr Paulo Brasil não pode falar sobre os pentecostais, o senhor também não pode falar dos reformados. Parafraseando o ditado popular: “pau que bate em Silas, também bate em Paulo”.

            Somente a Fé: a fé requerida para que o homem seja salvo é de uma natureza diferente daquela confiança que alguém pode ter na força do seu trabalho, ou a confiança no amor do cônjuge, ou a confiança de um filho em seu pai. Para ser declarado justo e sem culpa diante de Deus, o homem não tem nada a oferecer em seu resgate. Se ele não confiar que o que Jesus Cristo é suficiente para garantir-lhe a salvação, ele estará eternamente longe da salvação. E essa fé, salvífica, não nasce no coração humano espontaneamente; não nasceu com ele biologicamente. Essa fé salvífica é dada por Deus e somente por Ele o que torna o homem incapaz de voltar-se a Jesus espontaneamente.

            Somente a Graça: o homem é salvo por um favor de Deus que é difícil do homem compreender. Somos rápidos em favorecer quem nos favoreceu antes ou quem poderá nos favorecer no futuro. Nós, humanos pecadores, trabalhamos com a meritocracia, com o merecimento e Deus não conhece a meritocracia. Ele não faz acepção de pessoas, pois para fazê-la Deus deveria achar algo em alguém que fosse digno de recompensa. Ele jamais recompensaria a fé de alguém com a salvação. Primeiro porque a fé que temos é dom de Deus e, segundo, que a salvação que temos também recebemos dEle sem a merecê-la.
            Pelo que sei e vejo, sr Malafaia, o senhor acredita que o homem já nasce com uma fé que pode ser exercida na direção de Deus. E o que é pior, a salvação que o senhor prega é meritória e não pela graça. Se o senhor disser que para ser salvo o homem precisa aceitar a Jesus como seu salvador, significa que, por ter aceito a Jesus este homem agora está salvo. Por acaso, quando o senhor agradece a salvação que tem, agradece a Deus por tê-lo salvo a si mesmo por tê-lO aceito em sua vida? Que poder o senhor tem para aceitar ou rejeitar a Deus sendo que Ele não lhe fez nenhum mal para ser aceito?

            Somente Cristo: talvez o senhor concorde, a princípio, com o fato de que entre Deus e nós, somente Jesus Cristo é o mediador. Não existe nenhum ser criado que possa intermediar a nossa relação com o Pai, senão o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo. Mas essa sua crença é negada toda vez que o senhor apela para o ser humano que se salve. Ora, se o senhor crê – e sempre o vejo fazer – que o homem é capaz de voltar-se para Deus livre e espontaneamente, qual é a necessidade de Jesus Cristo. Se para ser salvo o homem tem que exercer o seu (falso) livre-arbítrio para decidir-se por Jesus Cristo, por que então o senhor não exerce o seu próprio livre-arbítrio e decide parar de pecar contra Deus? Já que o homem é livre e tem liberdade na sua vontade, por que então Jesus disse que tinha vindo para “libertar os cativos”? De que cativeiro o homem precisa ser liberto se ele tem livre-arbítrio?

            Somente a Escritura: Deus está revelando novas coisas aos homens? Deus está trazendo algo de novo além do que Ele já revelou aos autores do texto bíblico? O que está sendo pregado nos púlpitos das igrejas cristãs que já não tenha sido colocado de forma escrita por aqueles homens inspirados por Deus? O que é que Deus tem ainda para nos falar que não tenha falado pelos profetas e que hoje nos fala através de Seu Filho? Que melhor é esse que o senhor sempre diz que Deus tem para nos dar? Tem algo melhor do que Jesus Cristo e Sua Palavra da parte de Deus para nós? Pelo que já ouvi e vi o senhor falar, suas repostas negam as perguntas que fiz acima. Se não, não haveria razão de o senhor, em suas pregações, dizer que é “profeta” para a vida de seus ouvintes!

            Somente Glória a Deus: se o senhor crê que para ser salvo não basta o sangue de Jesus Cristo, mas o homem precisa aceitar a Jesus, há uma parcela da salvação que pertence ao homem e, portanto, Deus não pode ser glorificado de modo exclusivo. Se o senhor crê – e sua fala demonstra isso – que o homem tem uma mínima parcela de participação na sua salvação, então o senhor não glorifica a Deus com exclusividade. A obra de salvação na vida do homem é monergística e não sinergística. Nem eu nem o senhor temos condições de contribuir para a nossa salvação. Não somos capazes de contribuir em nada para aquilo a que Jesus Cristo fez. Nossa salvação é, do começo ao fim, obra de Deus, somente Dele, somente por Ele e somente para Ele.

            Assim, conclui-se que o senhor não tem relação com a Reforma Protestante e não deveria se chamar “protestante”. Esbraveja e grita contra cristãos reformados, mas numa jogada de marketing, para vender mais, utiliza os 500 anos da Reforma para lançar uma obra sobre a história da Igreja. Isso é ridículo. O senhor não crê no que os reformadores pregaram, ensinaram e escreveram. O senhor não lê autores reformados e se utiliza desse expediente para lucrar. Repito: isso é ridículo!

Três afirmações de que Deus e evolução não podem estar juntos

                 Foi com vontade de conhecer como o mundo físico funciona e como Deus criou todas as coisas, especialmente os animais, é que...