Em qualquer discussão com um pouco mais de polêmica, as pessoas sempre apelam para o jargão: “...está provado cientificamente que...”, e aí colocam seus argumentos. A discussão pode ser sobre a eficácia de um remédio, sobre o uso da fé nos tratamentos de doenças, sobre a utilização dos 10% do cérebro, etc e etc. Todos os assuntos, todas as discussões parecem finalizar com o aval da ciência. Será mesmo que a ciência tem todo esse poder? Será mesmo que a ciência põe uma pedra final nas discussões? Minha impressão é que não é bem assim. Hoje, em pleno início do século 21, temos a impressão que se o cientista falou, “tá” falado!
Os cientistas, em nossa sociedade pós-moderna, gozam de uma certa aura mística e de muita credibilidade. Se bem que, para muitos, ciência não combina com fé. Cientistas são aquelas pessoas que estudam muito, o dia todo, todo dia, sem parar, portanto, quando falam, sabem o que estão falando. Cientistas fazem experimento o dia todo e ficam trancados em seus laboratórios testando um “monte de coisas”, para ver se essas “coisas” dão certo, ou funcionam, ou são do jeito que a gente pensa. Muitos cientistas – assim como muitos médicos – gostam de falar difícil, e quem fala difícil deve saber o que está falando. Cientistas dão entrevistas na televisão, escrevem em jornais, publicam livros... e se eles fazem tudo isso é porque eles são demais. Doce ilusão!!!
Assim como os políticos eleitos são a expressão da sociedade em que vivem, os cientistas também são a expressão da sociedade em que vivem. Antes de continuar, aceitem minhas desculpas pelas generalizações. Não são todos os cientistas que pensam da mesma maneira, sendo assim, vou falar da ciência e não dos cientistas.
1. A ciência só acredita naquilo que ela consegue provar. Conta-se que numa aula de anatomia, com o corpo dissecado na frente dos alunos, o professor perguntou: “Estão vendo, está tudo aí, não existe nada dessa coisa de Criador da vida, existe?” Um aluno retrucou: “Professor, o senhor ama sua esposa?”, o professor respondeu: “Sim e muito”. “E onde está o amor nesse corpo, professor?” No silêncio do professor o aluno finalizou: “Acho que o senhor não ama tanto assim.”
2. A ciência está certa em tudo que fala. Já disseram que a melhor dieta é só comer carboidratos. Depois disseram que tinha comer só proteínas. Depois ainda, já disseram que tínhamos que comer gordura. Já disseram que a melhor pressão arterial era 12x8. Agora tem cientista que diz que é 13x9, ou 13x8. Tem cientista que diz que vírus é um ser vivo, tem cientista que diz que ele não é ser vivo. Tem cientista que diz que a vitamina C é boa pra evitar resfriado. Tem cientista que diz que ela não evita nada. Tem cientista que diz que é bom a mulher menstruar. Tem cientista que diz que não é bom a mulher menstruar.
3. A ciência pode melhorar a nossa vida. O que você acha dessas descobertas científicas — pólvora, bomba atômica, substâncias químicas tóxicas, armas biológicas, drogas. São alguns exemplos de descobertas científicas presentes na sociedade moderna que necessariamente não melhoram a nossa vida. Pelo contrário.
Para pensar: será mesmo que a ciência é tão isenta assim? Será mesmo que por trás da ciência também não existem ideologias e pressupostos que precisam ser defendidos? Será mesmo que a ciência só tem o interesse do bem-estar social? Será mesmo que a ciência pode nos ser uma base firme de confiança? Será mesmo que os cientistas que tanto lutaram para a utilização das células-tronco embrionárias humanas querem só mesmo a cura das pessoas? Será mesmo que numa discussão a frase “...mas a ciência comprova...” é suficiente para resolver as dúvidas?