quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Cachê Evangélico

De vez em quando o mundo evangélico é assolado por notícias que deixam todos de cabelos em pé. Escândalos sexuais e escândalos financeiros são o prato cheio para as discussões. Não há como negar que existe uma histeria - mórbida, eu sei - generalizada quando esses assuntos vem à tona.

Ontem, o Pavablog republicou uma lista de artistas cristãos e os cachês que eles cobram para se apresentarem (veja aqui). A fonte da publicação é outro blog O Fuxico Gospel. Esse tipo de lista e de reportagem sempre causa euforia nas pessoas. Quando o assunto é dinheiro, todo mundo fica interessado. A notícia repercutiu tão mau nas redes sociais que O Fuxico Gospel removeu a lista do site. Mas o estrago já estava feito.

Como se não bastasse, eles publicaram uma lista do cachê que alguns pregadores cobram para pregações, congressos e palestras (veja aqui a lista). Outra lista que vai dar o que falar. É só esperar.

Qual é a lição que eu tiro disso tudo? Essa maneira de agir é muito parecida com a maneira como as coisas são feitas fora da igreja. Quando se contrata qualquer artista, é comum uma série de solicitações por parte deles: toalhas, comidas, bebidas, decoração, etc e etc. Os artistas têm suas exigências para se sentirem o mais à vontade possível antes dos shows. Como o autor de Eclesiastes concluiu isso? "Tudo é vaidade". E vaidade não combina com louvor a Deus; não combina com culto; não combina com adoração.

O erro fundamental é a Igreja seguir o mesmo padrão do mundo. O erro fatal é os cristãos copiarem o jeito do mundo. O apóstolo Paulo já pedia aos cristãos de Roma, "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos...". Quando a Igreja copia a forma do mundo agir só pode dar confusão. As coisas precisam ser claramente distinguidas: a Igreja não pode imitar o mundo em nada! O padrão do mundo não condiz com o que a Igreja é e  não condiz com o que a Igreja faz. Ninguém precisa receber salário para louvar a Deus em uma apresentação.

O problema é a falta de coragem de se chamar de show tudo aquilo que é, de fato, um show. Não há nenhum problema em comprar um ingresso para assistir ao show do Roupa Nova, ou Guilherme Arantes, ou do Lenine no Credicard Hall, no Citibank Hall, seja lá onde for. O problema está em a pessoa ser paga para cantar na Igreja Evangélica NONONONONONO. Porque a igreja local não é local para show, é local para louvor comunitário. Qualquer cantor ou banda pode fazer um show, mas igreja não é lugar de show. Na igreja quem brilha é Jesus; a pessoa mais importante do culto é Jesus e não quem vai se apresentar.

E se é um culto, ninguém precisa ser remunerado para cultuar a Deus. O show pode até ser para a glória de Deus, do mesmo jeito que um advogado cristão, ou mecânico cristão, ou professor cristão, ou uma dona de casa cristã realizam seus trabalhos para a glória de Deus (Filipenses 4:7-9; 1 Coríntios 10:31). Mas um show gospel não é um elemento de culto; o show é dispensável para se cultuar a Deus. A Bíblia é um elemento de culto, assim como a oração, o louvor congregacional. O que não pertence ao culto não tem de estar presente quando cultumaos a Deus.

Concluindo:

a. Quando a Igreja Cristã copia o padrão do mundo se torna um com ele, não estabelecendo as diferenças que existem entre os cristãos e os incrédulos.

b. Um artista cristão pode cobrar o cachê que quiser que acha que merece, como qualquer outro artista. Contudo, como cristão, ele deve ter um comportamento diferente daquele que os artistas que não conhecem a Cristo têm.

c. Deus não aceita louvor por obrigação. Se alguém é remunerado para louvar a Deus está pecando contra Ele. O pregador e o cantor devem estar dispostos a exercerem seus dons ainda que não sejam pagos. Facultar a apresentação de um cantor ao recebimento de dinheiro e chamar isso de culto, de ministração, de culto de louvor, de culto de adoração, é errado. É show.

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