quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Seria apenas saudosismo da minha parte?

Quando eu era adolescente e comecei a entender as pregações nos cultos, havia pouca contextualização. O que isso significa? Pelo menos na igreja que passei a maior parte da minha vida, as pregações eram a compilação de alguns versículos com temas parecidos, uma pequena análise histórica daqueles textos e só. Não havia um aprofundamento nas questões que os versículos traziam.

A análise dos versículos não passava de superficialidades e ao contexto histórico em que o versículo estava inserido. Faltava uma aplicação prática à vida de cada crente. Não havia sequer a utilização de algum comentário, ou outro livro qualquer que pudesse ajudar o pregador a compreender melhor aquele texto. A literatura cristã ainda era muito incipente e a maioria dos livros era de testemunhos. Não havia à disposição livros doutrinários e expositivos.


Com o passar do tempo começaram a ser traduzidos livros expositivos, livros de sermões e livros que traziam uma análise mais aprofundada dos grandes temas da fé. E as pregações ganharam em qualidade. E muito. Havia mais riqueza, mais contextualização. A Bíblia "fazia mais sentido", porque, agora, eu percebia no meu dia a dia onde aplicá-la. Passei a aprender a entender a minha vida à luz da Bíblia. E o conhecimento nessa época explodiu nas igrejas. Eu perdia a conta de estudos bíblicos, livros e mais livros que usávamos na Escola Dominical. Foi uma época de muitos encontros e congressos, cheios de gente que queria estudar a Bíblia, conhecê-la e vivê-la.

Infelizmente hoje tem ocorrido uma situação estranha. Tenho visto vários livros publicados, de autores renomados no meio evangélico que têm se inspirado em outros autores que, há vinte anos atrás não apareciam na literatura evangélica. A fonte inspiradora desses autores evangélicos vai desde monges e freiras católicos até pensadores liberais dos seminários teológicos. E o que percebo é que pregadores de diferentes origens têm tido as mesma influências. Pentecostais, neo-pentecostais, batistas, evangélicos independentes, metodistas, presbiterianos têm usado autores e autoras católicos com muita desenvoltura.

E junto com esses católicos, os teólogos liberais estão sendo muito citados. Ainda que hajam diferenças entre os católicos, liberais e evangélicos, vejos esses últimos andando com os primeiros sem sentir nenhuma diferença. Apenas como exemplo vou usar Bultmann, um dos expoentes do liberalismo teológico e muito citado pelos pregadores. Para Bultmann a única informação histórica do Credo Apostólico é "[Jesus]padeceu sob Pôncio Pilatos." As outras declarações do Credo são invenções dos primeiros cristãos. Ora, como um autor desses pode ser usado como parâmetro nas pregações dos púlpitos evangélicos? A até autores, grandemente citados pelos pregadores atuais que consideram o Batismo e a Ceia dispensáveis!!! É incrível isso.

Diante disso, termino com algumas perguntas: onde vamos parar?, será mesmo que as nossas diferenças podem ser deixadas de lado?, será mesmo que a teologia evangélica não tem produzido conteúdo de qualidade?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Toma lá da cá

Ontem passei a trade com dois amigos na Galeria do Rock, em São Paulo. Em uma das lojas, um amigo puxou assunto sobre Jesus Cristo. Entre tantas bobagens que o vendedor disse, uma delas foi: "Jesus nunca existiu. Ele nunca deixou nada escrito!"

Aí, eu respondi: "Pedro Álvares Cabral também não existiu porque ele também nunca escreveu nada!"

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Como se encher do Espírito deDeus

 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,”                                                                                                         Efésios 5:18

Segundo o Dr Martin Lloyd-Jones, a expressão “enchei-vos” tem a noção de estar encharcado, igual a uma esponja.[1] Quando colocamos uma esponja em contato com a água, ela fica de tal modo cheia de água que não é preciso, se quer, apertá-la para a água sair. A ideia do apóstolo é que a completude do nosso ser seja preenchida pelo Espírito de Deus.
            Paulo se utiliza de uma comparação muito interessante entre a vida controlada pelo pecado e a vida controlada pelo Espírito de Deus. O álcool tem um efeito depressor no cérebro. Isso significa que sua ação faz o sistema nervoso trabalhar de modo mais lento, mais letárgico. Diversas áreas do cérebro são afetadas pelo álcool, por exemplo, aquelas responsáveis pelo movimento, memória, julgamento, respiração, etc. “Em pequenas doses, a substância tem um efeito estimulante. A pessoa fica eufórica e, geralmente, menos inibida”, afirma Denise De Michelis, psicobióloga da Unifesp. Quando a bebida alcança o lobo frontal, surge a sensação de alegria. O sujeito fica mais falante, ainda sem prejuízo do raciocínio. Ao atingir os lobos parietal e temporal, começam os problemas. O sujeito pode cometer um desatino, como cruzar um sinal vermelho.
Esse é o problema: os efeitos imediatos do álcool são a alteração do comportamento de tal maneira que a pessoa passa a não se controlar mais; perde-se a noção do certo e do errado e a pessoa torna-se “corajosa” para tomar certas atitudes que não tomaria em sã consciência. Essas atitudes podem ser desde a pessoa falar coisas que não falaria em outras circunstâncias, até tirar a vida de outra pessoa. Em reportagem, o jornal O Globo relatou que a violência em São Paulo está diretamente relacionada com o uso de bebidas alcoólicas e o porte de arma de fogo. Nada menos do que 40% das vítimas de homicídio doloso têm álcool no sangue e a criminalidade aumenta à noite e nos fins de semana.[2] É bem capaz que o apóstolo Paulo tivesse conhecimento de vários fatos provocados pelo abuso do álcool.
É muito interessante essa comparação, pois a pessoa bêbada não tem controle sobre seu corpo: não é possível andar em linha reta, articular os pensamentos, falar de modo inteligível e, mais terrível ainda, a pessoa bêbada não é capaz de medir as consequências dos seus próprios atos e, simplesmente, age de modo inconsciente. O segundo aspecto dessa comparação é que o abuso do álcool traz contenda. Essa palavra significa disputa, briga, discórdia, luta. Porém, no original grego, a palavra tem a ideia de desperdício e devassidão. É a mesma palavra utilizada por Jesus para descrever o modo de vida que o filho pródigo teve longe da presença de seu pai – luxúria, libertinagem, vida desenfreada, dissolução, lascívia.
Resumindo, o apóstolo Paulo está comparando um estilo de vida controlado pela devassidão, pela discórdia, pelas disputas com um estilo de vida que é controlado pelo Espírito Santo. E, depois de estabelecer essa comparação, o apóstolo passa a explicar como podemos nos encher do Espírito. Nos versículos 19 a 21, vemos que a maneira de nos enchermos do Espírito Santo é vivermos comunitariamente. Ninguém se enche do Espírito Santo sozinho, isolado, separado da comunidade de Jesus.
Encher-se do Espírito é uma experiência comunitária de relacionamento, de doação, de serviço mútuo, de ensino e aprendizagem “uns com os outros”. Em Atos, Lucas descreve que “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum (...) perseverando unânimes todos os dias no templo (...) louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42-47).
E Lucas, como médico que era, via os benefícios que essa comunhão provocava na vida das pessoas. No versículo 46, ele relata que o coração estava cheio de “alegria e singeleza”. Na Bíblia, o coração é mais do que um órgão. Ele é tratado como a sede do intelecto (Gênesis 6:5), dos sentimentos (1 Samuel 1:8) e da vontade (Salmo 119:2). A vida comunitária abençoa a vida em todas as suas dimensões. O intelecto trata da nossa sanidade mental, do discernimento das nossas ações e decisões que temos de tomar. A comunhão dos santos pode nos prevenir de sentimentos de ira, raiva, rancor, tristeza. Além disso, quando nossa vida está pautada na comunhão “uns com os outros”, eu tenho com quem me aconselhar, com quem dividir meus pensamentos e nunca estarei só.
Mas voltando para a comunhão entre os irmãos, o salmista também reconheceu algo muito importante: é na comunhão dos santos que o Senhor ordena a Sua bênção (Salmo 133:3). Não pode haver afirmação mais clara. Por que muitas vezes deixamos de ter a bênção de Deus? É porque estamos afastados da comunhão uns dos outros. E as bênçãos que deixamos de desfrutar são matérias e espirituais. Lucas relata que na Igreja Primitiva, os irmãos eram assistidos nas suas necessidades (Atos 2:45) e, além disso, a comunhão nos enche de bênçãos espirituais:
·         o Senhor garante a Sua presença (Mal. 3:16; Mateus 18:20);
·         oração em favor mútuo (2 Cor. 1:11; Efésios 6:18);
·         exortação (Col. 3:16; Hebreus 10:25);
·         consolo e edificação (1 Tess. 4:18; 5:11);
·         simpatia e bondade mútuas (Romanos 12:15; Efésios 4:32)

Queridos irmãos, é tempo de nos encher da presença do Espírito Santo de Deus. É tempo de buscarmos a Deus enquanto podemos achá-lo (Isaías 55:6). O profeta adverte para o fato de Deus estar perto. Mas Deus está perto como? Onde? Ele está perto porque está representado na vida dos nossos irmãos. A nossa vida e comunhão deve espelhar o ser de Deus, a Sua essência, as Suas características.
A nossa vida tem que estar tão cheia de Jesus que não precisamos fazer força a vida dEle se manifestar em nós. Igual a uma esponja encharcada que transborda de água sem esforço algum. Como Paulo nos ensina em Gálatas 2:20, a vida que temos agora é a própria vida de Cristo em nós. E ainda mais: uma esponja transborda de água em qualquer parte dela. Isso deve nos fazer refletir para o fato que em qualquer área da nossa vida temos que transbordar da vida do Espírito de Deus. Seja no trabalho, na família, no casamento, nos relacionamentos dos mais diversos níveis, temos que ser reconhecidos como filhos de luz (Efésios 5:8).



[1] Vida no Espírito: no casamento, no lar e no trabalho, Martyn Lloyd-Jones, 1991, Editora PES, São Paulo, SP.
[2] http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/10/01/297957643.asp

Três afirmações de que Deus e evolução não podem estar juntos

                 Foi com vontade de conhecer como o mundo físico funciona e como Deus criou todas as coisas, especialmente os animais, é que...