segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mais uma reportagem desastrosa

Esta semana, a Veja São Paulo publicou uma reportagem entitulada A "cura gay" nos templos da fé. Pelas três frases destacadas na capa da revista, suspeitei do leria mais tarde. Dito e feito. Quem escreveu a reportagem, João Batista Jr., apesar do nome bíblico, não conhece a cristianismo brasileiro.

No meio da reportagem (p. 38 e 39) há 7 diálogos em destaque que o repórter teve com os pastores das igrejas visitadas. Na reprotagem, um dos parágrafos começa "Na semana passada, VEJA SÃO PAULO ouviu frases como essas em um périplo por dez igrejas evangélicas da metrópole das mais variadas vertentes." (grifos meus). Se ouviu, não publicou e, portanto, não deveria ter escrito o que escreveu. As citações na reportagem e as igrejas visitadas são todas da vertente neopentecostal. Vertente essa que tem deturpado e trazido muitos problemas para o evangelicalismo brasileiro.

Não apenas do ponto de vista teológico, mas também no aspecto sociológico, essa vertente do cristianismo tem feito um verdadeiro estrago. Pastores e estudiosos como Paulo Romeiro e Augustus Nicodemus, apenas para citar dois nomes, têm analisado o impacto da doutrina e dos ensinos dessas igrejas entre os cristãos. Por isso mesmo não vou falar deles.

Mas o que me chamou a atenção na reportagem é justamente a ineficiência do repórter em mostrar o que o cristianismo pensa da homossexualidade. Todas as pessoas, de todas as eras e em todos os lugares, seguem uma ética, pessoal ou coletiva. No caso dos evangélicos, seguidores da Bíblia como são, seguem o que ela ensina a respeito da vida. Quanto à homossexualidade, a Bíblia diz que isso é pecado, como também o são, o roubo, o assassinato, a fofoca, a poligamia, desonrar os pais, entre outros.

O que o repórter, hábil e maldosamente, deixa para a interpretação do leitor é a associação de todos esses pecados com a vida de quem os comete. "Segundo ele [o pastor entrevistado], na escala das malfeitorias, um homossexual está na mesma categoria do ladrão, do assassino, do viciado em drogas e do adúltero. Todos são pecadores mortais." (p. 38). O que o repórter talvez não saiba, é que a Bíblia ensina que "todos pecaram" e por isso "são carentes da glória de Deus" (Romanos 3:23). Além do fato que "Deus encerrou a todos debaixo da desobediência para usar de misericórdia com todos" (Romanos 11:32).

O que o repórter e a sociedade ainda não entenderam é que o fato da Bíblia denunciar o pecado, não significa que o pecador está sem esperança. Os cristãos não devem escolher contra quais pecados pregar. A mesma veemência que usamos para combater a homossexualidade, as drogas, o sexo fora do casamento, devemos usar para combater a mentira, a maledicência, o roubo, a injustiça social, etc e etc. Quando a igreja bate demais contra a homossexualidade e, deliberadamente, deixa os outros pecados de fora, faz as pessoas interpretarem errado a sua função no mundo. Jesus Cristo disse que seríamos Suas testemunhas e Ele próprio, combateu toda a forma de pecado.

Outra coisa que o repórter precisa entender - e a sociedade também - é que a Bíblia não vê gradações para o pecado. Diante de Deus não existem "pecado, pecadinho e pecadão". Essa escala de valores existe para nós, pecadores, porque queremos aliviar o nosso lado diante de Deus. Assim, se eu roubei R$ 0,50 e mereço menos rigor que os ladrões do Banco Central. A apóstolo Tiago, em sua carta, ensina que aquele que erra em um ponto da lei, é como se tivesse errado em todos (Tiago 2:10). Portanto, o padrão de conduta do cristão deve ser muito mais elevado, do que simplesmente ser contra uma prática homossexual. Por isso, toda forma de pecado é mesmo considerada um caminho de morte pela Bíblia.

Portanto, João Batista Jr., minha sugestão é que você seja um pouco mais cuidadoso com suas palavras. Uma vez que existem muitos evangélicos que pensam de modo diferente daqueles que foram citados. E esse é outro problema da reportagem. Pelo que se lê na revista, existem apenas dois lados - extremados - nessa discussão: os que são totalmente contrários e os que conciliam o cristianismo e a homossexualidade. O que o repórter precisa entender é que existe uma massa de cristãos que não tem a mente tacanha dos pastores entrevistados e nem possui o desvario das pastoras lésbicas citadas na reportagem. E esses ficaram de fora da reportagem.

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