sábado, 15 de agosto de 2009

Deus e o Diabo no NIH


O mais recente bafafá na blogosfera científica americana (um ambiente naturalmente fértil para bafafás, devemos admitir) envolve a nomeação de Francis Collins, antigo czar do Projeto Genoma Humano, para o cargo de diretor do NIH (sigla inglesa dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA).

O NIH, para quem não sabe, é a instituição pública com o maior orçamento de pesquisa médica do mundo. Collins está sumamente qualificado para lidar com projetos de vulto graças à experiência com o genoma. Mas uma coisa os críticos não engolem: a fé cristã militante do pesquisador.

Collins, ex-ateu e atual cristão evangélico, nunca escondeu sua profunda visão religiosa do mundo. Em seu livro "A Linguagem de Deus" e no site BioLogos (uma junção de "biólogo" com o Lôgos ou Verbo divino da tradição cristã), Collins se revela um defensor ardoroso da compatibilidade entre ciência e religião. Ele rejeita tanto o criacionismo quanto o Design Inteligente, mas argumenta que Deus poderia muito bem ter usado a evolução como ferramenta para criar os seres humanos ao longo de bilhões de anos

Blogueiros-cientistas (e ateus militantes) populares nos EUA, como P.Z. Myers e Jerry Coyne, andam flambando a reputação de Collins em óleo cru desde que sua indicação ao cargo foi cogitada pela primeira vez. O problema deles, afirmam, não é com a religiosidade de Collins, mas com o fato de ele supostamente usar seu prestígio para promovê-la publicamente como alternativa viável tanto ao ateísmo quanto ao fundamentalismo religioso. Ao menos enquanto usa o jaleco de cientista, Collins deveria ser um cristão "no armário", sugerem eles.

Em si, o argumento soa como polícia de pensamento. Se o sujeito quer defender a compatibilidade entre fé e ciência, está no direito dele, até porque Collins quase sempre está pregando para outros religiosos que relutam em aceitar a evolução, por exemplo, e não para ateus. O aspecto defensável da crítica, por outro lado, tem a ver com uma série de declarações do pesquisador, que afirmou repetidas vezes a impossibilidade, ou quase impossibilidade, de explicar o senso humano do certo e do errado com a ajuda da ciência. Para Collins, o conhecimento intuitivo da chamada "lei moral" seria prova da interação única de Deus com os seres humanos -- argumento que ele tomou emprestado do escritor e apologista cristão C.S. Lewis (1898-1963).

No entanto, ao dizer isso, Collins acaba ignorando anos de pesquisa que encontram sinais das bases da moralidade humana em primatas e outros mamíferos sociais, como os estudos do holandês Frans de Waal com a capacidade de empatia em bonobos, ou chimpanzés-pigmeus. Se não existem versões de Madre Teresa entre os chimpanzés e os elefantes, esses bichos, mesmo assim, têm uma noção considerável daquilo que chamamos de certo e errado. A preocupação dos críticos de Collins é que, ao tomar essa posição ideológica de "isso é inexplicável e deriva direto de Deus", ele possa desestimular novos estudos sobre o tema -- e talvez até cortar verbas do NIH para esse tipo de pesquisa. (A de Frans de Waal, por exemplo, que calha de receber esse financiamento.)

Claro que é cedo para dizer se Collins vai mesmo se comportar desse jeito. Mas, se ele aceitar um conselho de cristão para cristão, não é muito sábio do ponto de vista teológico atribuir qualquer fenômeno do Universo à intervenção direta de Deus (a palavra chave aqui é direta) e descartar explicações naturais a priori. Esse tipo de raciocínio é um caso clássico do chamado "Deus das lacunas" e equivale a batizar de "Deus" a ignorância humana -- até que essa ignorância seja sanada, como aconteceu no caso da evolução, por exemplo.

O efeito teológico disso é passar a sensação de que o "espaço" para Deus no mundo está encolhendo cada vez mais. Voltando à moralidade: mesmo que ela tenha evoluído por causas inteiramente naturais (o que é bem provável, na verdade), quem crê em Deus pode simplesmente postular que essas causas naturais foram os instrumentos divinos. Nada disso, claro, vai satisfazer os críticos mais raivosos de Collins, mas pelo menos pode aliviar os temores mais pertinentes deles.

(Reinaldo José Lopes)

Fonte: Laboratório Folha Online

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Não vou mais perder tempo nos sábados!!!

Nasci em 1972 e sempre fui criado “dentro da igreja”. Esse jargão é esquisito, mas demonstra que logo criança fui criado tendo a igreja local como grande referência na minha vida. Acordava cedo, antes dos meus pais, todo domingo de manhã, para ver o programa de Rex Humbard.

Depois veio o Jimmy Swaggart. Que voz, que músicas, que cantores e que pregação. Amava as manhãs de sábado, semana a pós semana, vendo o programa dele. Lembro-me de quanto eu apreciava vê-lo cantando e tocando seu piano. Dia desses atrás estava matando a saudade vendo-os no Youtube.

Aí a moda pegou no Brasil e os próprios brasileiros começaram a produzir seus programas. O primeiro programa que tenho na minha memória é O despertar da fé, acho que apresentado pelo missionário R. R. Soares. Depois muitos outros vieram: Universal, Caio Fábio, Sinos de Belém, Jabes de Alencar, Silas Malafaia, R.R. Soares, Valdemiro Santiago, Estevam Hernandes, Marco Feliciano, Josué Rodrigues, Hernandes D. Lopes, José Wellington.... são nomes de líderes evangélicos que tiveram e ainda têm seus respectivos programas na televisão brasileira. Basta você ligar a TV no sábado de manhã e você pode vê-los pregar, ouvir músicas, vender seus produtos, pedir ofertas e etc. Da lista que coloquei, acho que só o Caio Fábio não tem mais programa na TV, pelo menos não em São Paulo onde resido.

De qualquer maneira, os últimos escândalos envolvendo muitos dos que citei acima me fizeram tomar uma atitude que, ainda que eu a considere radical, é extamente isso que vou fazer: NÃO VOU MAIS ASSISTIR A NENHUM PROGRAMA EVANGÉLICO TELEVISO. E estou baseando minha decisão em vários fatores:

1. Preciso dormir mais. Dizem que estou ficando velho. Meu cardiologista disse que preciso tomar um remédio para meu coração continuar funcionando e que preciso perder peso. Então vou perder apenas o peso e não mais o meu tempo.

2. Teologia. Exceto o programa do Rev. Hernandes D. Lopes, não compartilho da mesma teologia dos outros programas. Todos eles estão envolvidos com os movimentos pentecostais ou neo-pentecostais (o que é pior!). Amo os cristãos pentecostais, meus pais eram pentecostais, tenho excelentes amigos pentecostais, vivi a maior parte da minha vida numa igreja pentecostal histórica. Contudo, a liderança pentecostal brasileira já era! Não confio neles, não acredito no que falam.

3. Repetição. É sempre a mesma coisa, não muda: triunfalismo, vitória sobre vitória, prosperidade, não existem problemas, pedidos de ofertas intermináveis, venda de material de qualidade duvidosa..... estou farto disso. As pregações são apelativas, rasas, sem conteúdo bíblico. Só chavões e nada de exposição das Escrituras.

4. Minha família. Preciso dar mais atenção à minha esposa, ouvir o que ela tem pra me dizer (que não é pouca coisa), sair com ela mais vezes, preparar-lhe o café da manhã, namorá-la, levá-la a algum parque... enfim, preciso estar mais próximo dela.

Prefiro dormir, andar de bicicleta (e estou precisando), jogar tênis, mergulhar, ir à praia com minha esposa, ler bons livros, escutar música a ficar passando nervoso vendo o que eles estão fazendo na TV. E vou aconselhar meus amigos a que façam a mesma coisa. Sabe, aprendo muito mais lendo os livros da minha pequena biblioteca do que ouvindo esses pregadores. E aprendo ainda muito mais lendo a própria Bíblia.

Naji Nahas, Lalau e Salvatore Cacciola para pastores evangélicos

O Ministério Público e a Polícia Federal realizam seus trabalhos normalmente. De vez em quando, isso aparece na mísia e com grande barulho. Provavelmente, se eles estivessem investigando o vigia do estacionamento em frente da minha casa, nem no jornal da cidade isso seria notícia.

Este ano está sendo bem difícil para alguns líderes evangélicos brasileiros. O homem dessa foto, que está segurando esse charutão (cubano, lógico!!!) é Naji Nahas. Alguns anos atrás, por semanas ele foi notícia nos jornais por uma série de crimes que estava sendo acusado. Ele e seus advogados diziam que era tudo mentira. O MP e a Polícia Federal diziam que era tudo verdade. Qual era a impressão da população? O povo em geral tinha certeza de que ele era culpado, mas dificilmente alguém conseguiria realmente provar isso. Você se lembra como os líderes evangélicos se posicionaram a respeito do Naji Nahas? Pois é. Coitadinho dele. Nenhum pastor teve uma palavra de revelação para ele. Nenhum pastor saiu em sua defesa para dizer que isso era uma artimanha do diabo para derrubá-lo.

Essa segunda foto é de Nicolau dos Santos Neto, mais conhecido como o “Juiz Lalau”. Segundo o mesmo Ministério Público e a Polícia Federal apuraram, ele desviou milhões de reais dos cofres públicos, tinha casas fora do país, contas em paraísos fiscais, aparecia na televisão zombando e fazendo pouco caso disso tudo. Foi preso e saiu. Depois foi preso de novo e saiu de novo, inclusive para prisão domiciliar por causa de seu estado de saúde. Você viu algum pastor revoltado com isso? Quantos pastores escreveram, ou pregaram, ou profetizaram defendendo o Lalau? Não ouvi nenhuma profecia desses pastores para encorajá-lo a sair dessa situação. e por que as igrejas evangélicas não se posicionaram contra os “abusos” que estavam sendo cometidos contra o nobre juiz e seus familiares?


Meu terceiro exemplo é esse senhor sorridente da foto ao lado. Se você não o reconhece, ele é Salvatore Cacciola. Acusado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal de crimes parecidos com os do Lalau e de Naji Nahas. Ele foi preso e depois liberado. O que aconteceu? Ele sumiu do Brasil. Ninguém o achava. Polícia Federal, INTERPOL, FBI, Scotland Yard, a SWAT, a Legião Estrangeira.... todo mundo estava procurando o homem e nada. De repente ele apareceu no exuberante principado de Mônaco. Que absurdo!!! Coitadinho dele! Acusado de roubo, devidamente negado pelos excelentes advogados dele, Cacciola foi preso em Mônaco. Certamente a água mineral que ele bebia era Perrier, com excelentes vinhos da região de Bordeaux, as champagnes deviam ser francesas também, muito caviar, strogonoffs dos mais variados tipos... e o que a igreja evangélica fez? Nada!!! Absolutamente nada!!! Ninguém disse que o diabo o estava perseguindo. Nenhum pastor se levantou para explicar como o inferno estava arquitetando um ataque a Salvatore Cacciola.

Honestamente, eu acho que Naji Nahas, Nicolau dos Santos Neto e Salvatore Cacciola deveriam ser separados para o pastorado. Seria muito melhor para eles, pois além dos advogados mais caros e competentes para defendê-los, os pastores brasileiros iriam convocar milhares de anjos para os acompanharem em suas detenções, a voz profética para eles se levantariam dos quatro cantos do país, milhões de pessoas orariam para eles serem libertos e o diabo seria acusado de fazer isso contra eles. E para o diabo seria muito bom. Se o Ministério Público e a Polícia Federal fossem prendê-lo, eles ficariam todos queimados e morreriam no lago de fogo e enxofre.

sábado, 18 de julho de 2009

Pergunta para os pastores

Não sei quantos pastores leem meu blog, mas mesmo assim gostaria de deixar duas perguntas para eles:

Pastor, você incentiva a sua igreja a que seus membros tenham a mesma postura que tiveram os bereanos (Atos 17:11)?

Pastor, você gostaria que sua pregação passasse por uma avaliação como a dos bereanos?


Gostaria muito de ter algumas respostas.

Até mais, Marcos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Paciência e fé

Passei 10 dias em Israel num congresso para professores de Ciências. Pelo que percebi, Israel é um país belíssimo. Fiquei pensando esse tempo todo nas expressões “terra prometida” e “terra que mana leite e mel”. É incrível como esse povo faz nascer flores maravilhosas num solo seco e num clima extremamente quente. É verdade que há regiões mais úmidas, mas no geral a terra seca. Isso potencializa ainda mais o relato dos espias, que dizia que a terra era proveitosa.


Ao povo que era cativo foi prometida uma terra para sua habitação e essa terra foi dada depois de uma relação conturbada entre eles e o seu próprio Deus. O próprio Abrahão, a quem foram feitas as primeiras promessas, teve que esperar um longo tempo até que visse o cumprimento delas.


Depois de um longo tempo, o povo foi tornado escravo no Egito e teve que esperar mais um longo tempo, por volta de 400 anos, para que conseguisse ver sua libertação. E ainda depois de serem libertos, foram mais 40 anos de peregrinação no deserto até que conseguissem entrar na tão sonhada e esperada terra prometida.


Ao que tudo indica, a mim me parece que esperar faz parte de uma boa relação com Deus. Na verdade, saber esperar faz parte de uma boa convivência com qualquer pessoa e em qualquer situação. Aqui no Brasil temos o ditado que diz que “quem tem pressa come cru”; isso para mostrar uma situação em que a pessoa não tem paciência de esperar o momento certo para alguma coisa.


A Bíblia nos diz que os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos e que a escala de tempo é diferente para nós e para Deus. Se bem que, como Deus não perece, o tempo para Ele é muitíssimo mais relativo do que para nós.


Nessa viagem esperei três dias para reaver minha mala e meus pertences. Esperei 7 dias para terminar meu curso e receber meu tão desejado certificado. Esperei nas filas do almoço, algumas vezes nas do jantar. Esperei o sono chegar – alguns dias ele demorou bastante. Esperei minha vez de falar. Tive que esperar quase uma hora de inspeção nas bagagens e numa entrevista para deixar Israel. Enfim, se quisesse fazer as coisas na minha velocidade, certamente algumas dessas coisas não daria certo.


O salmista esperou por Deus para ser atendido em seus pedidos. Entretanto, sua espera não foi passiva e isenta de responsabilidade. Ele disse que esperou com paciência e com confiança (Salmo 40). Esperou pacientemente a resposta vir, confiando que ela certamente viria. Ele não estava descompromissado com a resposta pensando “bem, se eu tiver a resposta está ótimo e se ela não vier, tanto faz”. Você só exerce paciência para aquilo que acredita que vai acontecer. Você só vai esperar algo, sabendo que poderá conseguir aquilo que está esperando. Caso contrário isso não se chamaria esperança.


Ao mesmo tempo, o salmista sabia que a resposta viria, pois tinha confiança nAquele que haveria de dar a resposta. Ele disse que esperou confiante “no Senhor”. Sua confiança estava apoiada numa base que lhe dava segurança, estabilidade, base e apoio. Você confia que vai ganhar 1 milhão de reais no próximo sorteio da loteria? Será que você poderia se apoiar num sorteio? Qual é a base que você tem que, jogando um dado 10 vezes, vai aparecer, pelo menos duas vezes o número 5? Matematicamente é possível até mesmo calcular quais são as chances desse evento acontecer. Mas qual garantia, matemática ou não, você tem de que seus propósitos serão alcançados?


Estou escrevendo isso de dentro de uma avião, sobre o Mar Mediterrâneo e a única garantia que tenho de que ele não vai cair é que a mão de Deus está permitindo que isso não aconteça. É lógico que existem uma série de contingências: a velocidade do avião, a força das turbinas, a estabilidade das asas, todos os equipamentos do avião, a destreza e a capacidade dos pilotos, a comunicação interna e externa.


Mas minha confiança é que Deus controla as contingências, pois as determina em seu perfeito plano para a humanidade. Minha confiança é que Deus tem a vida dos homens em Suas mãos e Ele sabe o que é melhor, ainda que não o compreendamos na sua totalidade. Espero confiante e pacientemente de que algumas horas pousarei em terra firme, com segurança e que Deus ainda estará cuidando de mim. Não posso fazer outra coisa senão esperar, pois desse de pousar vou ter que tomar outro avião até o Brasil e, de novo, todos esses pensamentos vão voltar na minha cabeça.

domingo, 5 de julho de 2009

Weizmann Institute of Science (July, 05 - 2009)

Estou em Israel!!! Quando poderia imaginar que isso fosse possível. Estou hospedado no Insituto Weizmann de Ciência para uma semana de muito trabalho e muita reciclagem pessoal e profissional.

Trata-se de uma dos maiores institutos de ciência e divulgação científica do mundo. Fui convidado pelo diretor de um dos colégios que trabalho para integrar a equipe de brasileiros. Na verdade a equipe é de apenas duas pessoas, eu e o Rogério.

Infelizmente nem tudo são flores. Fomos muito bem recebidos aqui no Instituto, mas nossas bagagens não chegarem junto conosco em Tel-Aviv. Queira Deus que elas estejam em Milão, onde fizemos uma conexão, e cheguem amanhã.

Abraço para vocês, Marcos.

domingo, 28 de junho de 2009

O fundamental do fundamentalismo

Quando Alexandre, o Grande, era pequeno, sua mãe sempre falava que ele era forte e poderoso e que tinha nascido para vencer. Coincidência ou não, Alexandre acreditou nessas palavras e foi um dos maiores conquistadores que a história humana conheceu. Dizem que se os pais falam para seus filhos, ainda pequenos, que eles são burros e incapazes, que não vão conseguir nada na vida, que são incompetentes... eles crescem pensando dessa forma. Em minha experiência de 11 anos como professor, nunca vi um caso desses. Nunca!

Não sou adepto da corrente teológica chamada confissão positiva. Não acredito que as palavras tenham todo o poder que seus proponentes dizem ter. Se não, Vitória, capital do estado do Espírito Santo, seria quase o paraíso na Terra (para muitos capixabas pode até ser!). Mas devo reconhecer que as palavras têm seu poder de persuasão, de ofensa, de ânimo, de tristeza entre outras finalidades.

Existem palavras que funcionam como pólvora. Vá na torcida do Palmeiras e diga que o Corinthians é o melhor time do mundo. Num país muçulmano, fale o nome JESUS. Mencione o nome Al-Quaeda em algum aeroporto nos Estados Unidos. Troque o nome do seu namorado ou da sua namorada num momento a sós. E dentro das igrejas não é diferente.

Fale numa classe de escola dominical a palavra predestinação. Pronto! Basta para acabar com qualquer preparação que o professor tenha feito. O mesmo ocorre com as palavras sexo, camisinha, entre outras. Mesmo que a aula seja para jovens e adolescentes, com o tema sexualidade, há palavras que são proibidas. Conheço uma igreja que os pastores sempre se recusaram em falar sobre o tema e tiveram problemas nessa área com um certo casal. É lógico que se falassem não seria garantia de não haver problemas.

No meio evangélico a palavra fundamentalismo também está estigmatizada. Se você for chamado de fundamentalista, é muito provável que alguém esteja te menosprezando. O fundamentalista é tido como alguém conservador, inflexível, arrogante, que não sabe dialogar, retrógrado, antiquado, ultrapassado. Já me chamaram de fundamentalista e a conversa estava indo pra esse lado. Não me importo. Não tomo mais isso como ofensa a mim. Sei que meu fundamentalismo não é nenhum pouco nas mesmas bases dos fundamentalistas muçulmanos de alguns países, nem dos fundamentalistas norte-americanos do sul dos Estados Unidos.

O meu fundamentalismo se baseia nos fundamentos da Palavra de Deus. Minha fé e minhas convicções estão baseadas — ou, fundamentadas — no que ensina a Palavra de Deus. É bem verdade que quanto a isso sou um cristão reformado, não no sentido da reforma que se faz numa roupa velha, mas no sentido das doutrinas enfatizadas pela Reforma Protestante. Meu fundamentalismo não me impede de ler livros que não sejam reformados, posso ler até livros de liberais. Meu fundamentalismo não me impede de cantar músicas que não sejam de origem da Reforma. Posso cantar músicas modernas sem nenhum problema e em qualquer ritmo.

Meu fundamentalismo não me impediu de ser baterista e de exercer esse dom dentro da própria igreja. É bem verdade que existem pastores que não admitem esse instrumento na igreja, mas mesmo assim, partilham da mesma teologia que eu. Eu não tenho problemas com eles — talvez alguns tenham comigo. O fato de ser fundamentalista não me impede de, vez ou outra, visitar uma igreja que não seja de teologia reformada. Ser fundamentalista não me impede até mesmo de freqüentar uma igreja com características liberais.

Fundamentalismo é, muitas vezes, confundido com radicalismo. Se você pensa dessa maneira, quero te convidar a refletir sobre algumas frases:

· Jesus Cristo é realmente o Filho encarnado de Deus e único salvador necessário e suficiente para todo homem. Se você concorda com isso, então você é radical em desconsiderar qualquer outro caminho de salvação possível fora de Jesus.

· A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus infalível e revelada para a humanidade e nela encontramos tudo que precisamos para crer nEle. Se você concorda com isso, então você é radical e desconsidera qualquer outro texto tido como sagrado na relação homem-Deus.

· Jesus Cristo, e ninguém mais, nem natureza nem outras pessoas, mesmo que extremamente “santas” são o meio de nos aproximarmos de Deus e da salvação que Ele nos oferece. Se você concorda com isso, então você é radical contra uma série de coisas adicionais que foram e continuam sendo acrescidas à fé cristã.

· A Bíblia é a única regra de fé e prática que o cristão tem e por ela deve pautar a sua vida, seja no casamento, na família, na profissão e nas relações interpessoais. Se você concorda com isso, então é possível que você rejeite vários pensamentos e posturas modernas dentro das igrejas.

Muitas outras coisas e temas poderiam ser citados e talvez o texto perdesse seu principal sentido, que é chamar-nos para uma reflexão séria e honesta sobre o assunto. Apesar de não abrir mão de certos pressupostos, não estou fechado ao diálogo, com ninguém. Sou sim radical e fundamentalista com aquilo que a Bíblia não abre mão de ser e mostrar. Quanto ao resto, fico com a postura dos antigos puritanos: quando a Bíblia fala, eu falo; quando a Bíblia se cal, eu me calo; quando a Bíblia não é conclusiva, fico com aquilo que glorifica apenas a Deus.

Um texto muito importante sobre esse mesmo assunto pode ser lido aqui. É do Dr Augustus N. Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e um dos melhores teólogos do Brasil. A propósito, ele é fundamentalista!

sábado, 27 de junho de 2009

Síndrome de Jonas

“E dizia cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.”

Jonas 1:7


Você já teve a sensação de estar sobrando num certo ambiente? Já passou pela sensação de se sentir um peixe fora da água? Você já se percebeu como se fosse um “Jonas”?


Vou te explicar. O profeta Jonas tinha sido mandado, por Deus, para a cidade de Nínive a fim de anunciar o Deus verdadeiro para aquele povo. Mas, inesperadamente, ele decidiu não ir para lá e entrou num navio que ia para uma cidade em direção contrária. Lá pelas tantas o barco começou a ser assolado por uma terrível tempestade de ventos e ondas. Numa tentativa desesperada de se salvarem, as pessoas começaram a jogar seus pertences ao mar para diminuir o peso do barco. Não adiantando nada, resolveram “tirar no palitinho” para saber quem era o “pé frio” da situação. E eis que a “sorte” caiu sobre Jonas.


Pelo menos agora não vou entrar na discussão da presença dessa palavra “sorte”. Em outro texto vou escrever sobre isso. Prometo. Contudo, agora quero pensar no fato que, depois de Jonas ser jogado ao mar, a tempestade cessou e o barco pôde seguir sua viagem em paz. Mas o mais interessante disso é que durante a tempestade, Jonas foi para a parte de baixo do barco e dormiu. Simplesmente dormiu. O barco quase indo à pique, as pessoas desesperadas, talvez gritando loucamente umas com as outras, e Jonas nem aí para o que estava acontecendo. Ele estava dormindo!


É nesse sentido que repito minha pergunta: será que você já se sentiu como Jonas em alguma situação? Eu já e muitas vezes. Em muitas ocasiões me sentiu como o causador da tempestade, com a convicção que as coisas se acalmariam para os outros se eu simplesmente saísse de cena. Trata-se de uma sensação terrível, Perceber-se como o causador dos problemas para outras pessoas é muito ruim. E mais complicado ainda é passar um tempo, vendo as coisas erradas, e estar insensível para a causa do problema. Era assim que Jonas estava.


Já há algum tempo tenho me preocupado com a causa do outro, colocar-me no lugar de quem sofre, de quem passa por problemas, tentar entender a situação das pessoas que sofrem. Por isso, policio-me constantemente para saber se não estou ficando insensível às situações dos meus próximos. E não ser insensível consigo mesmo é também um exercício salutar. Saber como estamos diante de Deus e das pessoas é fundamental para não sermos como pedras nas quais elas tropeçarão.


Assim, peço a você que ore nesse momento a Deus, para que Ele te mostre se você é o causador da tempestade na vida de alguém. É preciso lembrar que mesmo dormindo, Jonas estava no meio da tempestade também. Então, podemos ser os causadores da tempestade e sofrermos junto com ela. Que Deus nos ilumine e abra nossos olhos.

Três afirmações de que Deus e evolução não podem estar juntos

                 Foi com vontade de conhecer como o mundo físico funciona e como Deus criou todas as coisas, especialmente os animais, é que...