“E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: Os sãos não necessitam de
médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os
pecadores.”
Marcos 2:17
Por esse versículo – e
outros poderiam ser citados – entendemos que o ministério de Jesus Cristo foi
resgatar pecadores, transformando-os em pessoas justificadas, tirando-lhes a
culpa e a condenação. O ministério do Mestre não tinha interesse especial em um
grupo de pessoas, visto que todos são pecadores e carecem da glória de Deus (Romanos
3:23). Ele veio para o pobre e para o rico, para o judeu e para o gentio, para
os senhores e para os empregados, para os adultos e para as crianças, para os
leigos e para os religiosos. Ele veio para a prostituta e para seus acusadores,
pois ambos eram pessoas doentes (João 8:1-11).
Infelizmente nos dias
de hoje há uma ênfase exagerada em certos aspectos da Bíblia em detrimento de
outros. Em outas palavras, a igreja cristã está enfatizando demais o lado do
amor de Jesus e menos outros lados em que Seu amor não é tão evidente. E a
passagem da mulher adúltera é apenas um exemplo disso. É óbvio que Jesus, sendo
a expressão exata do Pai, amou, e amou intensamente. Mas não sou capaz de
entender que Jesus tenha amado a todos da mesma maneira. E vou ainda mais
longe: desconfio que Ele tenha amado a todos.
Se amar não é apenas um
sentimento, mas uma ação de quem ama para seu alvo de amor, a passagem da
mulher pega em adultério me mostra que a ação de Jesus foi diferente com as
pessoas envolvidas. Ele agiu de modo diferente, perdoando a mulher e deixando
os acusadores irem embora sem perdão. Ora, aqueles acusadores também careciam
do perdão e de um toque de amor de Jesus. Há que se destacar que a mulher não
foi espontaneamente, arrependida, buscar o perdão de seus pecados. E, por isso,
me pergunto se, se ela não tivesse sido pega em adultério, ela teria se
arrependido?
O discurso moderno é
que Jesus amava tanto que Ele jamais poderia ter uma atitude negativa em
relação às pessoas, quanto mais em relação à salvação das pessoas. Mas esse
evento da vida de Jesus Cristo evidencia que Ele não se preocupou em revogar a
condenação daqueles acusadores. Ele simplesmente deixou que eles seguissem seu
próprio caminho e não interviu na vida deles, como interviu na vida daquela
mulher. Lembremos mais uma vez que a mulher não buscou a Jesus para ser
perdoada e nem pediu isso. No relato da conversa dEle com a mulher, toda a ação
parte de Jesus e não dela. É Ele quem pergunta sobre os acusadores dela. É Ele
que dispensou a mulher perdoada, mas deixou os homens saírem condenados por
seus próprios pecados.
Jesus tinha poder para
perdoar tanto a mulher quanto seus acusadores, mas optou em mostrar
misericórdia apenas para ela. Noutra oportunidade, Jesus foi procurado por um
dos fariseus e teve uma atitude completamente diferente. Nicodemos queria
entender como Jesus tinha tamanha autoridade de fazer tudo o que fazia (João
3:1-21). Com ele, o tratamento de Jesus Cristo foi completamente diferente. Mas
alguém poderá argumentar que o tratamento de Jesus foi diferente porque
Nicodemos foi procurá-lO, porque nesse episódio a postura de Nicodemos era
diferente daquela dos acusadores da adúltera.
Lembremos mais uma vez
que a mulher em questão também não queria ser perdoada e não foi buscar a Jesus
arrependida de seus atos. Os primeiros 12 discípulos também não queriam seguir
a Jesus. O apóstolo Paulo odiava a Jesus Cristo. Mas há ainda um exemplo mais
contundente no Novo Testamento que mostra a atitude de Jesus Cristo: o caso da
cidades impenitentes. Entretanto, isso fica para o próximo post. Até mais,
Marcos.
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