Qual é o atributo de Deus
que você mais gosta? Talvez muitos respondam que é o amor de Deus, ou a bondade
de Deus, ou ainda a fidelidade de Deus. Spurgeon chegou a dizer, em um dos seus
sermões, que se os homens pudessem, tirariam a soberania de Deus. Ele chega a
dizer que os homens, de maneira geral, odeiam a soberania de Deus. Pode ser uma
linguagem forte, principalmente nos tempos pós-modernos em que vivemos. Mas sou
obrigado a concordar com ele. Quando entendemos realmente a soberania de Deus e
suas implicações para a nossa vida, temos apenas duas saídas: ou aceitamos a
soberania de Deus, ou vivemos como se ela não existisse.
Aqui em terras brasileiras,
há líderes de igreja que repensaram a soberania de Deus e a descaracterizaram
de tal modo, que transformaram a Deus em um ser muito parecido com os homens. E
muitos vão argumentar que realmente Deus Se parece com as pessoas,
principalmente porque Deus Se encarnou em Jesus Cristo e “habitou entre nós”.
Contudo, “habitou entre nós cheio de graça
e de verdade e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai.” (João 1:14 – grifos meus). Mesmo encarnado,
Deus continua sendo Deus. E a soberania de Deus é, talvez, um dos atributos
mais excelentes que Ele tem.
Pink diz que a soberania de
Deus é o exercício de Sua supremacia. Ao mesmo tempo em que Deus é o mais
elevado ser, Ele também é o único que é capaz de fazer tudo o que quer, sem ser
impedido por nenhuma circunstância. Não há no mundo físico ou espiritual nenhum
ser nem situação que impeça Deus de agir. Além de Ele fazer tudo o que Lhe
apraz, tudo o que Ele faz é perfeito. Nunca é demais asseverar e reafirmar a
soberania de Deus. Nada escapa dos Seus olhos, nada do que aconteça no mundo
está alheio a Ele. Cada evento das nossas vidas foi conhecido e determinado por
Deus (Salmo 139:16).
Mas de tanto enfatizar a
soberania de Deus, onde fica a responsabilidade humana? Há espaço para a
soberania de Deus e a responsabilidade humana? Sim. Da mesma maneira que a luz
se comporta como uma onda e como um corpo; da mesma maneira que uma gelatina não
é nem sólida nem líquida. Para Pink, “a responsabilidade humana baseia-se na
soberania divina e desta é resultado”. Pelo que entendemos ao ler a Bíblia,
vemos que alguns anjos foram criados com a possibilidade de perderem seu estado
original de graça (Judas 6). Da mesma forma, Adão e Eva foram criados do mesmo
modo. Se obedecessem a Deus continuariam a desfrutar da presença imediata de
Deus. Se desobedecessem a Deus, eles morreriam e decairiam da graça tornando-se
mortos espiritualmente. Quem influenciou a Deus a criar desse jeito?
Absolutamente ninguém.
Eu não tenho dúvida nenhuma,
apesar de não entender por completo, que Deus é absolutamente soberano e que
nenhum evento acontece sem o Seu consentimento. O tsunami da Indonésia, as
chuvas torrenciais no Rio de Janeiro, a fome na África, a morte de inocentes na
queda das Torres Gêmeas, o sofrimento dos pobres em filas nos hospitais, o
estupro de mulheres, a pedofilia, a gravidez indesejada de casais adolescentes;
todos esses eventos estão no controle total de Deus. Ele não foi pego de
surpresa, Ele sabia que esses eventos aconteceriam, Ele tinha poder suficiente
para evitar todos esses eventos e não os evitou. Por quê?
Sinceramente não sei qual é
a resposta para essa pergunta. Talvez seja para me ensinar a sofrer o
sofrimento dos outros e não ficar indiferente repetindo a teologia da soberania
de Deus. Talvez Deus permita isso para ensinar a Sua Igreja a se mobilizar e
atender às necessidades das pessoas. A Igreja não pode se ausentar dos pobres e
dos necessitados e ficar pregando a Jesus Cristo sem ver as mazelas das pessoas.
O apóstolo Tiago nos adverte que nossa fé deve ser seguida de obras que
justifiquem a presença dessa fé nas nossas vidas. Sem essas obras nossa fé é
morta.
A soberania de Deus é um
fato. Deus está assentado em Seu trono e ninguém vai tirá-lo de lá. Ele é
soberano em todas as Suas determinações, quando entendemos e quando não as
entendemos também. O fato de Deus ser soberano implica na nossa total rendição
à Sua vontade que é “boa, perfeita e agradável”. Ainda assim somos responsáveis
pelas nossas ações e responderemos por elas diante do Justo juiz.
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