domingo, 30 de setembro de 2018


“Todos devem sujeitar-se às autoridades do governo, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram ordenadas por ele.” (Rm 13.1)



            Estamos prestes a eleger quem vai nos governar nos próximos 4 anos – assim esperamos. Nesse momento, o país está realmente dividido. Não existem apenas duas opções, mas parece haver essas duas formas de pensar. Todo o espectro político parece se dividir em apenas duas opções, e todas as outras opções parecem ser variações desse mesmo tema. Nesses momentos – como em qualquer outro momento – é fundamental que nos voltemos para a Palavra de Deus.

            O capítulo 13 de Romanos é fundamental quando queremos saber qual deve ser o papel dado por Deus para os governantes e para o Estado. Do mesmo jeito que Deus regula a forma de culto que Ele quer, ou a relação no casamento e no trabalho, os governantes devem – ou deveriam – governar de acordo com o estabelecido por Ele na Sua Palavra. E Paulo foi muito feliz ao iniciar esse assunto destacando que toda autoridade emana de Deus, o soberano sobre tudo e todos.

            Quando Paulo se refere a que todos devem se sujeitar aos governantes, ele usa a palavra ψυχὴ [psychē], de onde deriva a palavra psicologia. Ou seja, Paulo parece apelar para um envolvimento da alma, um envolvimento completo da pessoa em respeitar as autoridades. É bom lembrar que Paulo vivia sob o domínio do império romano, um governo despótico e autoritário, corrupto e mundano na sua maneira de ser. E mesmo assim, a autoridade desse império emanava de Deus.

            Mas alguém poderia, então, questionar a forma dos governantes exercerem essa autoridade. E o questionamento poderia ser levado às últimas consequências, no sentido de os cristãos terem uma atitude passiva aos desmandos das autoridades. Já que os governantes são instituídos por Deus, cabe-nos, passiva e “civilizadamente”, ficarmos quietos? Não. Pois a Palavra de Deus exige de nós uma postura responsável e de reconhecimento da verdadeira autoridade. Quando o império romano decretou leis que contrariam a palavra de Deus, Pedro se insurgiu contra isso e disse: “É mais importante obedecer a Deus que aos homens” (At 5.29). Isso ele aprendeu de Jesus. Quando o Mestre foi confrontado pelos judeus sobre o pagamento de impostos, Ele deixou muito claro que o que era devido ao governo deveria ser dado ao governo, mas o que era devido a Deus, também deveria ser dado a Ele (Mc 12.17). E isso causou admiração do que ouviram!

            Uma vez que os governantes são colocados pela potente mão de Deus em local de destaque, é nossa responsabilidade nos sujeitarmos a eles. Parece haver uma transferência de autoridade, não em caráter absoluto, da autoridade de Deus para os governantes. Como eles são colocados por Deus, eles seriam representantes de Deus no ofício que executam.[1] “A aceitação desta verdade estabelece o importante princípio de que a autoridade do Estado é delegada e não uma autoridade absoluta. É apenas o reconhecimento deste princípio que impede o Estado de usurpar o poder supremo sobre as almas dos homens, Assim, quando as exigências do Estado entram em conflito com a Lei de Deus, a resistência a elas se torna um dever positivo do cristão (1 Rs 21.3; Dn 3.18; 6.12; Mc 12.17; At 4.19; 5.29; Hb 11.23).”[2] Bonhoeffer que o diga!

            Mas ao contrário do império romano, aqui no Brasil nós votamos para eleger os governantes. Eles assumem o poder depois de contados os votos. E a maioria deles é que vence. Afinal de contas, somos nós ou Deus que estabelece os governantes? Deus nos usa? Seríamos marionetes nas mãos dEle? Esse será o próximo tema dos nossos estudos sobre as eleições e os cristãos.







[1] R. C. Sproul chega a chamar de demônio um governo que “declara sua independência e busca normas autônomas, à parte de Deus. Ao fazer isso – sejam os Estados Unidos, a Rússia, ou qualquer outra nação – o Estados demoniza-se e passa a existir como agente de oposição ao próprio Deus.” R. C. Sproul, Romanos, Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, p. 400.


[2] Geoffrey B. Wilson, Romanos, Editora PES, São Paulo, SP, 1ª edição, p. 185, grifos meus.

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