sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A avaliação e o julgamento (Mateus 7:1 e 20)

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. (...) Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!”

Já abordei esse texto num outro artigo que escrevi há dois anos. Mas como esse trecho da pregação de Jesus é muito importante, resolvi abordá-lo com outro enfoque dessa vez.
Por acaso você está certo em tudo que diz, pensa e faz? Você está correto nas avaliações que faz da sua vida profissional, sentimental, familiar e social? Com relação ao cotidiano que você mesmo construiu, ele está correto? Ou tem alguma coisa errada? Estas questões são muito subjetivas e, dependendo do seu grau de humor, é possível que você me responda que eu não tenho nada a ver com isso. Ora, a vida é sua. E eu não tenho o direito de me meter na sua dieta, na qualidade do seu sono, se você gosta ou não da sua vida profissional, etc.

Mas e quanto às suas convicções teológicas, você está correto ou errado sobre o que pensa da Bíblia e suas doutrinas. Quero lhe dizer que amo a teologia e o seu estudo, mas sei que ela pode se tornar num instrumento de alienação para muitos. Amo a Bíblia e sei que ela tem ensinamentos fundamentais para a minha vida. Também sei que ela pode ser usada por gente louca, pregando todo tipo de loucura.

Se eu te disser que estou pregando sobre a data que Jesus vai voltar, o que você me responderia? E se você me ouvir pregando para usar um sal ungido na sua comida para sua purificação? E se eu pregar que os crentes não ficam mais doentes, porque somos sarados pelos ferimentos de Jesus? E se eu pregar que nossos problemas financeiros podem ser resolvidos se dermos mais dinheiro na nossa igreja com bastante alegria, espontaneidade e muita fé? Você teria coragem de me dizer: “Marcos, você está errado e sua pregação não é bíblica”?
Você seria capaz de me mostrar na Bíblia onde estou errando? Você apontaria o meu erro? Você me alertaria dos erros que estou cometendo? Você mostraria quais são os meus erros e me apontaria uma direção certa? E ao fazer isso, você estaria me julgando, me avaliando? Ou estaria julgando e avaliando o que estou ensinando?

Sabe, o nosso grande problema é que não conseguimos dissociar com facilidade o que pregamos e vivemos daquilo que somos. Você acha que Jesus, sendo quem ele é, poderia ensinar de modo diferente? É por isso que muito têm dificuldade com esse trecho de Mateus, capítulo 7. Muitos pensam que, por apontarem os erros doutrinários das pessoas, estariam julgando essas pessoas e, por causa disso, atrairiam julgamento para si.

O fato é que não podemos nos colocar numa posição de julgar as pessoas, pois isso é prerrogativa exclusivamente do justo juiz, o juiz dos vivos e mortos (Atos 10:42; 2 Timóteo 4:8). Mas, pela Palavra de Deus, somos obrigados a avaliarmos as árvores de onde tiramos os nossos frutos (v. 20). Jesus nos está advertindo que temos que conhecer os frutos para sabermos qual é a qualidade da árvore. Precisamos ter os nossos olhos espirituais abertos para avaliarmos que o que nos é pregado é realmente a Palavra de Deus. E por que devemos ter esse comportamento?
Nessa mesma passagem de Mateus 7, Cristo compara as pessoas a dois construtores de casa. Um deles construiu sua casa sobre a areia e ela desmoronou. O outro construtor, colocou sua casa sobre uma rocha, de modo que ela resistiu às tempestades. Gente, a comparação é óbvia! Onde você está construindo sua casa espiritual? O que tem por baixo dos seus alicerces espirituais? Você está sabendo avaliar onde está construindo sua vida espiritual? Quais materiais você está usando?

Não posso julgar as intenções dos corações das pessoas porque não tenho poder para sondá-lo. Mas tenho a obrigação de julgar todos os espíritos e saber se eles procedem de Deus (1 João 4:1). Além disso, devo julgar todas as coisas e reter aquilo que é bom (1 Tessalonicences 5:21). Mas como saber o que é bom? Deus é bom e o que as pessoas pregam e dizem deve estar de acordo com Ele, caso contrário, seremos enganados com falsos ensinos (Efésios 4:14). E eu não quero e não vou, se Deus quiser, ser enganado.

2 comentários:

Jorge Fernandes Isah disse...

Marcos,

Procedente e correta reflexão.
No mundo atual, hipocritamente, as pessoas dizem não julgar quando o fazem o tempo todo (seja um político, um artista, jogador de futebol, vizinho, colega de trabalho, médico, etc).
Ocorre que, líderes prevendo o julgamento da igreja (e a igreja tem o dever de julgar seus membros), utilizam-se dessa passagem em Mt 7.1 (distorcendo-a) para manterem-se "imunes" à disciplina da igreja, mas esquecem-se de que Deus não se curva a nenhum ardil.
Conheço irmãos que, ao verem o pecado de outro irmão (líder ou não), simplesmente se calam e fingem de cegos, afirmando que não têm nada com a vida do outro. Ora, se somos o corpo de Cristo, temos responsabilidade uns para com os outros. A questão é: ninguém está interessado nas coisas do Senhor, mas tão somente em si mesmo, como afirmou o apóstolo Paulo.
Creio que o julgamento ao qual o Senhor se refere no texto está ligado ao fato de não poder julgar se fulano é/será salvo ou não, se vai para o céu ou inferno, porque, como você disse, não posso "atingir" o seu íntimo (portanto, o julgamento não é direcionado ao homem mas aos seus atos). Porém, quanto aos frutos, tenho o dever de julgá-lo (sejam ações de crentes ou incrédulos).
A Bíblia afirma que julgaremos os anjos caídos e o mundo; e Pedro afirma que o julgamento começa pela própria Igreja.
Então, quem crê que não se deve julgar, age incoerentemente em relação à revelação de Deus, as sagradas Escrituras, porque o julgamento implica em proclamar a verdade (o Evangelho de Cristo) e denunciar a mentira (o anti-evangelho de Cristo).
Se me permitir, gostaria de postar o seu texto em um dos meus blogs.
Abraços.

Marcos David Muhlpointner disse...

Jorge, concordo plenamente com o que escreveu. Você já ouviu alguma pregação sobre a postura dos cristãos bereanos, que conferiam nas Escrituras de que dispunham a pregação do apóstolo Paulo?

O fato é que, líderes ou não, ninguém quer se submeter ao escrutínio da Palavra de Deus. Isso ,e revela dois fatos, falta de amor pela Palavra de Deus e excesso de amor a si próprio.

Obrigado, Marcos.

PS: fique à vontade para usar o texto onde quiser.

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