segunda-feira, 25 de abril de 2011

As pessoas e suas palavras


            Desde que as discussões sobre a PL 122 se iniciaram, acredito que todo cristão sério começou a se questionar e a refletir sobre o que a Bíblia ensina sobre as relações homoafetivas. Eu mesmo já escrevi neste blog mostrando a minha posição quanto ao assunto. Mas, vez ou outra, de tempos em tempos, o assunto aparece na mídia em geral e na mídia evangélica. A mídia evangélica, vista em blogs, revistas e sites, ecoa as opiniões de pastores, pensadores cristãos, políticos cristãos e até mesmo homossexuais declaradamente cristãos.

            Eu não achei na Bíblia nenhum cristão que se declarasse homossexual. Na Bíblia eu encontro todo tipo de gente: assassinos, pederastas, falsários, ladrões, mentirosos, sodomitas, adúlteros, doutores, néscios, prostitutas, médicos, generais, governadores, reis, imperadores, políticos, pescadores, ativistas políticos, fiscais de impostos, ricos, pobres, mendigos, administradores de empresa, advogados, professores, cozinheiros, bajuladores. Pessoas depressivas, entusiasmadas, reflexivas, falantes, caladas, choramingosas, arrogantes, humildes, pragmáticas, ponderadas, impulsivas. Mas todas essas pessoas eram heterossexuais. Desde que o ser humano foi criado por Deus, a relação afetiva estabelecida entre as pessoas por Deus foi a relação heteroafetiva. 

Portanto, para mim é impossível defender a homoafetividade à luz da Bíblia. Não encontro em lugar nenhum, de modo natural, qualquer texto que pode ser usado como base para essa defesa. Os textos usados pelos defensores da homoafetividade são forçados para dizer o que eles não dizem ou são torcidos e retorcidos com o intuito de legitimar um comportamento, uma prática, um sentimento, uma condição – seja lá o nome que se dê – que não encontra respaldo bíblico. Pelo contrário, em diferentes culturas, em diferentes épocas, sob diferentes influências sociais, os autores bíblicos sempre condenaram a prática homoafetiva.

Contudo, mais uma vez, a comunidade evangélica brasileira é abalada pelas declarações de um pastor. Declarações que até mesmo membros da igreja desse pastor ficam incomodados. O Pr Ricardo Gondim não chegou ontem no cenário evangélico brasileiro e conhece muito bem o terreno onde está pisando. Admiro-o muito. Gosto de ler seus textos, mesmo não concordando com tudo o que ele escreve, pelo menos ele me faz pensar. Já o leio há muito tempo e sempre ouvia o programa de rádio que ele mantinha numa rádio em São Paulo. 

A sua declaração de que não é contrário à união de homossexuais está causando polêmica no meio evangélico. Diferente do Pr Silas Malafaia, por exemplo, que é radicalmente contrário a esse tipo de união, o Pr Ricardo Gondim vai na contramão da postura defendida pelos evangélicos. É bem possível que o Pr Ricardo Gondim não esteja sozinho nessa posição. Acredito que os outros pastores da Betesda e outros líderes de lá tenham a mesma opinião. Ter a mesma opinião de seu líder é normal, afinal de contas, se você segue alguém é porque partilha, se não de todas, pelo menos, da maioria das opiniões de seu líder.

Mas como a situação está colocada, membros da Igreja Betesda não viram com bons olhos as declarações de seu principal pastor. E aí eu volto ao que escrevi no início desse texto – desde as discussões no Congresso Nacional, nós evangélicos também estamos discutindo a PL 122. O que realmente a Bíblia diz sobre as relações homoafetivas? Não tenho a pretensão de “dissecar” a Bíblia para responder a essa pergunta. Pessoas mais competentes que eu já escreveram e ainda vão continuar escrevendo sobre assunto. Mas algumas coisas precisam ser questionadas.

Se a união homossexual se tornar legal, o que isso muda na vida dos cristãos? De que maneira isso afetaria a minha própria vida? Bem, eu não sou gay. Não vou a eventos promovidos por gays. Conheço alguns gays e nunca fui flertado por eles. Se eles quiserem se unir legalmente com seus parceiros, o que isso me afetaria? Absolutamente em nada. Talvez eu fosse convidado a ir numa festa em comemoração à união de um ou outro colega de trabalho.

O que a aprovação da PL 122 mudará para a pregação do evangelho? Pode ser que muitos cristãos sejam presos por falarem contra o homossexualismo, por pregarem contra as suas práticas. É verdade. Mas foi o próprio Cristo, que dizemos amar e seguir, que disse que seríamos perseguidos por Sua causa (João 15:18 e 15:20). Além disso, como qualquer cristão entende a Bíblia, Deus entregou os homens às suas próprias paixões e vontades para viverem do modo como quiserem (Romanos 1:24-32).

Para terminar, gostaria de deixar algumas palavras para esses dois pastores – ainda que eu acredite que isso não vai chegar até eles. Mas quem sabe chega!

Pr Silas Malafaia: seremos perseguidos sempre por qualquer motivo que se oponha à mensagem de Jesus Cristo. O senhor deveria aprender com os apóstolos que não iam à imprensa da época para se defenderem, mas continuavam a pregar a mensagem de Jesus Cristo. E essa mensagem não é ofertar para que o seu programa permaneça no ar. Se o senhor está com falta de recursos financeiros de manter o que construiu, deveria ter feito o que a Bíblia manda.


 
Pr Ricardo Gondim: não há problema em se questionar os postulados tradicionais da teologia cristã. Não há problema algum em se questionar a postura de Deus e Suas relações com as pessoas. O problema é tornar público o que deveria ficar fechado “a quatro paredes”. Lembro-me muito bem que uma das suas defesas é que a “conversa de bastidor” foi exposta por gente sem capacidade. Esse é o erro: expor isso a quem não tem capacidade de entender e conviver com isso.

4 comentários:

Banda NOAS disse...

Marcos,mais uma vez eu me surpreendi com seu post.Positivamente é claro!Muito bom!Deus te bendiga!

Jorge Fernandes Isah disse...

Marcos,

O seu texto deixou claro que as relações homossexuais não são legítimas aos olhos de Deus e ele as revela como pecaminosas na Bíblia. Posto isso, pergunto:

1) Ainda assim um crente pode defender as uniões homosseuxais?

2) Se ele as defende, não está claramente indo contra os princípios bíblicos e, portanto, indo contra o próprio Deus?

3) Alegar que em nada a união homossexual afetaria a minha vida seria o argumento para eu não combatê-la? O fato de Cristo dizer que seríamos perseguidos não inocenta os perseguidores, assim como o fato de sua morte na cruz ter sido determinada por Deus, não isenta Herodes, Pilatos, os gentios e os judeus do crime de assassinato.

4) A PLC 122 quer somente garantir os direitos dos homosseuxais ou impô-los como direitos supremos sobre os demais "mortais" e seus direitos?

5) O pecado, seja qual for, deve ser combatido pelo crente, e jamais minimizado por ele. Ou é possível que comportamentos pecaminosos sejam glamourizados e jogados na nossa cara como afronta, seja o homossexualismo, o furto, a mentira, a corrupção?

6) O que tem a "pedição de esmola" do Malafaia com a sua posição contrária à PLC 122?

7) Você defende que o Ricardo Gondim seja hipócrita ao manter a sua opinião reservada? E não declará-la publicamente?

Apenas para deixar claro, considero tanto o Malafaia como o Gondim pseudo-cristãos. Seus evangelhos são outros, não o de Cristo.

Acho que se deve ter cuidado para não tomar como inofensivo aquilo que Deus estabeleceu como maléfico, e uma afronta à sua santidade.

Grande abraço!

Cristo o abençoe!

Marcos David Muhlpointner disse...

Olá Jorge, veja aí meus comentários.

1. O cristão não deve defender nada que afronte a Deus. Toda forma de pecado deve ser denunciada. Porém é preciso lembrar que o primeiro pecado a ser combatido é o da nossa prórpia vida. A história da Igreja está recheada de gente que combatia o pecado externo das pessoas, mas que internamente são tão podres quanto os cadáveres do cemitério.

2. Cristão nenhum deve defender o pecado ou estimulá-lo. E quem se coloca para defender algum pecado está, no mínimo, em grande perigo contra Deus.

3. A união entre homossexuais já existe, já acontece há muito tempo. Existem inúmeros gays e lésbicas que já vivem juntos e já colocaram seus bens uns para os outros. Colocá-la na lei não mudaria minha visão sobre o assunto; não mudaria a necessidade de eu pregar o Evangelho para as pessoas. Nesse sentido, a minha vida continuaria sendo a mesma. Quanto aos perseguidores, a parte deles está reservada com Deus.

4. Há vários aspectos. Quanto a herança, beneficiários de seguros de vida e coisas desse tipo é uma questão de direito de qualquer pessoa. Quanto a torná-los isentos de crítica e invioláveis, isso é um abuso. Se eu sou contra a maneira do governador, ou prefeito ou presidente governar eu tenho o direito de expressar isso. E não sou obrigado a aceitar o comportamento homossexual próximo da minha família.

5. De novo, o pecado deve ser combatido, principalmente os meus pecados pessoais. Seria hipocrisia combater os pecados visíveis enquanto os pecados invisíveis da minha mente e coração não são lidados com a mesma intensidade. Por um certo lado,a luta da Igreja contra o pecado é inglória pois a própria Bíblia é clara em falar sobre a deterioração da humanidade, principalmente nos "últimos dias". Esse mal só será definitivamente vencido quando da segunda vinda de Jesus Cristo.

6. Silas Malafaia é arrogante e convencido. Defende a posição conservadora da Igreja contra a PL122 porque quer os holofotes voltados para si. E quanto mais luzes mais arrecadação ele tem. A fórmula é simples. Os apóstolos de Atos nem se preocupavam em ficar debatendo com os governantes. Eles pregavam a Cristo e pouco se importavam com o que acontecia à sua volta.

7. Não julgo que tenho autoridade suficiente para chamar alguém de hipócrita. Há questionamentos que faço para Deus e sobre Deus que não colocaria aqui no blog nem em nenhuma pregação minha. Declarar uma opinião, sendo uma liderança como o Gondim, implica em pagar um preço que não estou disposto a pagar. Não acrescentaria nada ao Evangelho. Por isso, sou levado a crer que ele presta um desserviço à Igreja brasileira. Ele pode ter os embates que quiser consigo mesmo, mas expoô-los, está se mostrando ser um péssimo negócio.

Com ou sem a PL122 continuo sendo preservado em minha santidade apenas pela graça de Deus. Nada do que eu faça me recomenda para Deus. Com ou sem essa maldita lei, serei o que serei pela graça de Deus.

Abração Jorge e obrigado pelas ponderações... até mais, Marcos.

Jorge Fernandes Isah disse...

Marcos,

apenas um aparte ao que falou. Eu, e qualquer ser humano [exceção a Cristo, homem] somos todos pecadores. Isso é fato. E devo combater o pecado em minha vida, e resisti-lo, não me entregando a ele como escravo. Acontece que há pecados que não são públicos e não afetam os outros. Há pecados que prejudicam apenas a mim mesmo, não "respingam" em ninguém. Acontece que o homossexualismo, a corrupção, o furto, a calúnia, a cobiça, etc, são pecados que afetam mais de uma pessoa. Elas representam prejuízo para terceiros. Portanto, são públicos, e devem ser combatidos publicamente. Silenciar-se é consentir com eles, e Paulo nos diz que isso é pecado.

Especificamente, no caso do homossexualismo, o que vemos é uma propaganda de uma conduta que a Bíblia considera imoral e perversa, de tal forma que os seus defensores não estão se defendendo mas disseminando e induzindo pessoas a associação com o pecado, quando dizem que é uma relação normal. Da mesma forma que o adultério, o sexo heterossexual fora do casamento, a pornografia, pedofilia, etc, têm sido instrumentos do diabo para demolir e destruir os princípios morais cristãos.

O combate não é apenas ao homossexualismo, mas a todo o pecado que publicamente se arvora como inofensivo e natural e destrói vidas e famílias.

Por isso, quando a igreja se silencia ou apóia tais pecados, o mundo sorri, e ri da nossa cara, porque estamos negando o que dizemos crer.

Grande abraço!

Cristo o abençoe!

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