“Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” Romanos 2:4
No livro Fé: dom de Deus (Editora PES), Tom Wells começa sua análise, colocando-nos uma situação muito interessante: duas pessoas com históricos de vida semelhantes ouvem a pregação do Evangelho, mas apenas uma só se volta para Cristo. E o livro parte dessa história a partir de uma pergunta Por que isso acontece?
Por que algumas pessoas ao ouvirem a pregação do Evangelho permanecem com seu coração endurecido e não se voltam para Cristo? Na época de Jesus, quando Ele mesmo pregava, muitos não se voltavam para Ele a fim de serem perdoados de seus pecados. Por que isso acontecia até com a pregação dEle?
É lógico que o arrependimento dos nossos pecados é nosso. É lógico que somos nós que precisamos de um Salvador. É lógico que temos que exercer a fé em Cristo para perdão dos nossos pecados. Mas a questão é a seguinte: a nossa fé e o nosso arrependimento partem de nós? Em que medida somos nós, sem a influência do Espírito Santo, que buscamos o arrependimento?
Mas alguém pode dizer que não é sem a influência do Espírito Santo. Quando dizemos que o Espírito Santo nos influenciou é porque fomos “tocados” por Ele e então nos arrependemos. Então esse arrependimento é nosso mesmo?
Você acredita que nós podemos resistir à ação do Espírito Santo? Você crê que o ser humano tem capacidade de rejeitar o sacrifício de Jesus Cristo, menosprezando a Sua obra? Você realmente crê que o ser humano tem a capacidade de dizer “sim” ou “não” para a obra de Jesus?
Quando o apóstolo Paulo nos diz que a benignidade (bondade, em algumas traduções) é que nos conduziu ao arrependimento, ele está comparando com um pai que leva seu filho pequeno a dar os primeiros passos. Ou ainda, é a mesma palavra usada para um passeio com o cachorro, que precisa ser conduzido, caso contrário, o animal andará perdido.
A palavra que o apóstolo utilizou aqui pode ainda ser traduzida persuadir, reger (como um maestro) ou orientar. Isso significa algo muito precioso: é que se não fosse a bondade de Deus eu ainda não teria me arrependido; se o próprio Senhor Deus não Se voltasse para mim, eu jamais me voltaria para Ele.
Em 1 João 4:19, somos lembrados que só amamos porque Ele nos amou primeiro, ou seja, o meu amor é consequência do ato inicial de Deus, primeiro Ele, depois eu. Na mesma carta ao Romanos, Paulo admite que ele até queria fazer o certo, mas era incapaz por causa do pecado que habitava nele (7:18). E aos filipenses ele escreveu que o nosso desejo de querer realizar alguma coisa e a própria realização também vem de Deus, segundo a boa vontade dEle (2:13).
Onde ficam então as nossas capacidades e vontades, se elas são determinadas e influenciadas por Deus? Se o primeiro ato da minha conversão – o meu arrependimento – nem parte espontaneamente de mim, por que ainda vivo como se Deus não me influencia nas decisões que tomo! Isso não faz de mim um robô que não tem vontade própria. Mas o fato é que minha vontade é determinada pela ação sobrenatural do Espírito Santo, aplicando a Palavra de Deus na minha vida.